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Aquecimento global reduz teor nutricional dos alimentos

Estudo revela que, se o nível de CO2 continuar crescendo no ritmo atual, centenas de milhões de pessoas podem ficar carentes de proteínas, zinco e ferro

Por Ingrid Luisa
31 ago 2018, 16h52

Que o aquecimento global é prejudicial todo mundo já sabe. Mas a mudança climática poderá fazer com que centenas de milhões de pessoas tenham deficiências nutricionais. A causa? Níveis crescentes de CO2 podem tornar a comida menos nutritiva, com níveis mais baixos de proteína, zinco e ferro.

Pesquisadores da Universidade Harvard publicaram essa conclusão na revista Nature Climate Change. Eles afirmam que as mudanças climáticas podem significar que, até a metade deste século, cerca de 175 milhões de pessoas desenvolverão deficiência de zinco, enquanto outras 122 milhões poderão se tornar carentes de proteína. Além disso, cerca de 1,4 bilhão de mulheres em idade fértil e crianças com menos de cinco anos viverão em regiões onde haverá deficiência de ferro.

Os cientistas utilizaram dados de uma série de outros estudos, incluindo informações de instituições como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, para analisar o fornecimento de alimentos em diferentes países. No total, os autores analisaram 225 alimentos diferentes – incluindo trigo, arroz, milho, vegetais, raízes e frutos específicos – e como suas composições nutricionais podem variar se os níveis de dióxido de carbono continuarem subindo na taxa atual.

Os resultados, que cobrem 151 países, revelam que as nações do norte da África, sul e sudeste da Ásia, além do Oriente Médio serão as mais afetadas — juntamente com alguns países da África subsaariana. E os pesquisadores acrescentam que, como a qualidade da dieta está ligada à renda, os mais pobres nesses países têm maior probabilidade de estar em risco. Na Índia, os pesquisadores estimam que, até 2050, cerca de 50 milhões de pessoas terão deficiência de zinco e 38 milhões terão carência de proteínas.

Por outro lado, países como Estados Unidos, França e Austrália e partes da América do Sul devem sofrer pouco impacto.

Mundialmente, estima-se que 662 milhões de pessoas já possuam deficiência de proteínas, e 1,5 bilhão apresentem carência de zinco. As proteínas são nutrientes essenciais para o funcionamento básico do corpo, enquanto deficiências de zinco estão ligadas a problemas com a cicatrização de feridas, infecções e diarréia. Já a carência de ferro está ligada a batimentos cardíacos irregulares, diminuição do transporte de oxigênio para o corpo e complicações na gravidez e no parto.

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