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Como funciona um banco de peles?

Em vida, só se pode doar em caso de morte encefálica

Por Natália Rangel
Atualizado em 22 fev 2024, 10h39 - Publicado em 18 jul 2014, 18h53
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    Com doações que são armazenadas e implantadas quando há necessidade. As lâminas de pele são colocadas em feridas de acidentes de carro ou em queimaduras – como aconteceu na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 2013. Na ocasião, mais de 20 mil cm2 foram doados de cinco bancos diferentes às vítimas. A Organização Mundial da Saúde recomenda que toda cidade acima de 450 mil habitantes tenha um estabelecimento desses. No Brasil, entretanto, há apenas quatro, em São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre. “Precisamos de, no mínimo, seis”, afirma o coordenador do banco recifense, o cirurgião plástico Marcelo Borges. Nos EUA, que inauguraram o primeiro do mundo em 1949, hoje há 60 centros.

    Questão de tato

    Geralmente retirada de falecidos, doação é armazenada em geladeira

    PRESENTE PÓSTUMO

    O mais comum é que as doações venham de pessoas falecidas. Estão “aptos” a doar os mortos com idade entre 12 e 60 anos e pelo menos 40 kg, mas a extração da pele precisa ser feita em até, no máximo, 12 horas após o óbito. Órgãos como o coração, os rins e o fígado têm prioridade na retirada – a pele só é extraída depois da córnea. A camada doada nunca desfigura o cadáver

    PEDACINHO DE VOCÊ

    A pele pode ser extraída das costas, dos dois lados da coxa e da parte de trás da perna. Cada lâmina retirada tem cerca de 10 x 3 cm, um pouco maior que o tamanho de um band-aid. A profundidade é mínima, cerca de 1 mm. O procedimento é feito com um aparelho chamado dermatomo elétrico, uma espécie de “gilete” que possibilita um corte preciso

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    VIVOS NÃO PODEM

    Em vida, só se pode doar em caso de morte encefálica. Doenças como aids e hepatite, que são contagiosas, inviabilizam a doação. Pessoas saudáveis até podem doar, mas, assim como acontece com órgãos como os rins, o mais comum é que o processo só role quando um parente precisa. “Não podemos incentivar o comércio de peles, ia virar tráfico”, afirma Borges

    DANDO UM GELO

    A pele nunca é imediatamente transplantada. Ela é envolta com glicerina, um tipo de gel preservativo, e armazenada em bolsas fininhas de plástico, que são colocadas em geladeiras a 4 oC. Ao longo de até 40 dias, a doação passa por uma série de exames para detectar doenças infecciosas. Ela pode ser conservada por até dois anos

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    Salvação em camadas

    Transplante ajuda a proteger a ferida enquanto o paciente se recupera

    PONTO CÚTIS

    O estado de saúde da vítima de queimadura precisa se estabilizar antes que ela receba o transplante, o que pode demorar até cinco dias. A pele é costurada no paciente por um cirurgião plástico, que usa um fio próprio de sutura chamado Mono Nylon. Utiliza-se, em média, de 2 a 3 mil cm2 em cada procedimento

    COLCHA DE RETALHOS

    Dependendo da área queimada, podem ser necessários diversos enxertos para cobri-la. Eles agem como um curativo natural: protegem a pele de infecções, da perda de líquido e da dor. A retirada dos pontos costuma ser parcial. A cor da pele do doador não é levada em conta na hora de escolher o beneficiado, já que o enxerto não é permanente (vide abaixo)

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    TROCA DE PELE

    O enxerto é sempre rejeitado pela pele, sem exceções. Mas esse processo leva até quatro semanas para acontecer – a pele doada serve para proteger a queimadura nesse tempo. Após o período, é feito um novo transplante, dessa vez com pele do próprio paciente, que já está em condições de fornecê-la. Esse autoenxerto é definitivo

    Um único doador pode ajudar com quase 2 mil cm2 de pele

    Na sola dos pés e na palma das mãos, a epiderme geralmente é mais grossa

    A pele em partes

    Dividido em três camadas, tecido tem cerca de 4 mm

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    Epiderme – 0,02 a 0,08 mm

    Derme – 0,45 a 2,6 mm

    Hipoderme – 0,3 a 1 mm

    Consultoria Marcelo Borges, cirurgião plástico e responsável pelo Banco de Peles do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), e Adriana Vilarinho, dermatologista

    Fonte Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Performance of Protective Clothing: Global Needs and Emerging Markets: 8th Volume

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    Leia também:

    – Que animais ainda são usados para fazer casacos de pele?

    – Como agem os bronzeadores?

    – Como se forma a casca de ferida?

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