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Como era nossa alimentação há 100 anos?

Era mais difícil consumir alimentos frescos e, sem a geladeira, as formas de conserva não eram nada saudáveis

Por Vinícius Giba
Atualizado em 22 fev 2024, 10h37 - Publicado em 17 jul 2015, 15h48

Um trabalho a menos

As prateleiras dos mercadinhos tinham menos opções que hoje. Mas a Revolução Industrial já havia se consolidado e disseminado alguns “produtos intermediários”: aqueles processados, mas ainda não prontos para o consumo ou que apenas integram outras receitas. Era o caso do leite em pó, do leite condensado, do açúcar e dos enlatados. Ninguém mais precisava moer farinha em casa!

Variando o cardápio

A Revolução Industrial também aumentou a produção, aperfeiçoou a conservação e facilitou o transporte da comida. Ou seja: nunca houve tanto alimento circulando pelo mundo. Navios rápidos e refrigerados, por exemplo, permitiram a exportação de frutas tropicais e carnes da América do Sul para a do Norte e Europa. O interior do Brasil começou a consumir peixes marinhos frescos

Mais saudável? Que nada!

É claro que não havia fast-foods, preservantes químicos e bobagens pré-prontas. Mas, por outro lado, era comum fritar com banha animal, que é gordura pura. Carnes eram guardadas no sal ou no óleo, péssimos para o coração e circulação. A contaminação por doenças era comum. A ciência ainda não sabia muito sobre vitaminas ou os efeitos da comida sobre nossa saúde

Raspando o prato

Até a popularização da geladeira, a partir dos anos 50, conservar a comida em casa era um problemão. Era mais difícil consumir alimentos frescos – rolavam mais legumes enlatados e leite sob forma de queijo e iogurte, por exemplo. Também para evitar o desperdício, era comum comer tudo que fosse posto à mesa, criando refeições mais calóricas e menos balanceadas

E como será daqui a 100 anos?

Maça

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Carnívoros, chorem

Criar gado exige espaço, água e ração (que, por sua vez, demanda ainda mais espaço e água). Como nada disso será abundante no futuro, esse alimento será cada vez mais caro. Uma alternativa será a carne desenvolvida em laboratório. Ela é 100% natural, apenas cresce fora da vaca. A tecnologia já existe, mas é dispendiosa: o primeiro hambúrguer feito desse material custou cerca de R$ 770 mil

Mato do mar

A pesca nos oceanos chegou ao limite de produção em 2004. A solução deve ser a aquacultura, que permite criar peixes, moluscos e crustáceos tanto no alto-mar como em viveiros em terra firme. Algas serão muito produzidas: além de alimento, servem para fazer ração, biocombustíveis e plásticos. Nosso menu também passará a incluir bizarrices como o pepino-do-mar

Gafanhoto à milanesa

Em algumas culturas, insetos já são comida. No futuro, todos teremos que encará-los dessa maneira. Faz sentido: enquanto 10 kg de ração geram só 1 kg de carne bovina, a mesma quantidade gera 8 kg de carne de insetos. Não precisa ficar com nojo. Eles poderão ser consumidos na forma de uma farinha rica em proteína ou de carne processada, como os atuais nuggets de frango

Salada de DNA

Atualmente, cultivamos só 7 mil tipos de vegetais, mas pesquisas indicam que há mais de 125 mil espécies comestíveis. Certamente abriremos espaço para elas no nosso cardápio – especialmente se forem mais nutritivas ou fáceis de plantar. É possível até que nós mesmos as criemos, com intervenções genéticas. Os alimentos transgênicos serão mais seguros e perderão a má fama que têm atualmente

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Horta em casa

O aquecimento global será uma pedra no sapato. Mas terá ao menos um aspecto positivo: as mudanças no clima permitirão plantações de certas espécies em áreas antes consideradas inadequadas. E, como o combustível para transporte ficará cada vez mais caro, o cultivo migrará da zona rural para as grandes cidades, em estufas privadas, em grandes prédios-fazenda ou no telhado das casas

LEIA MAIS

– Que alimentos são proibidos pelas religiões?

– Quais são os alimentos mais consumidos no mundo?

FONTES: Livro História da Alimentação, de Luciano Vieira Machado; artigos A Tecnologia Moderna de Alimentos: Rumo a uma Industrialização da Natureza, de Bernardo Sorj e John Wilkinson, e Huge Shift in What We Eat, de Julian Cribb; e sites da FAO-ONU e Universidade de Maastricht

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