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Sua falta de sorte no Tinder é culpa do algoritmo

A tal da química, nesse caso, passa longe de ser uma ciência exata

Por Guilherme Eler
23 ago 2017, 19h11

Provavelmente não vai ser de primeira. Talvez, nem na segunda. A verdade é que você vai precisar puxar papo com um bom número de desconhecidos até conseguir um encontro satisfatório – ou, no mínimo, achar alguém que realmente faça seu tipo. Arranjar um amor para a vida inteira, então, nem se fala. Conseguir a façanha com a ajuda de um aplicativo de paquera é algo que acontece apenas no campo das ideias. Aquela história: você até sabe que é possível, mas nunca viu, só ouve falar.

Antes que a famosa bad venha, vale lembrar que isso não é, literalmente, culpa do seu dedo podre. Pode ser apenas que o seu app preferido não esteja tão preparado assim para lhe guiar na tarefa rumo ao match perfeito. Pelo menos, é isso que indica um estudo norte-americano, publicado no jornal Psychological Science.

Softwares como o Tinder vem de fábrica programados para aprender com a prática, melhorando a experiência do usuário com o tempo. Conforme os likes e super likes acontecem, eles vão se tornando seus amigos mais íntimos – e aprendem melhor sobre suas preferências e aquilo que você espera de um parceiro. Isso serve para que os robôs façam indicações mais refinadas, que tragam para perto quem vale a pena conhecer e livrem você de pessoas que não têm nada em comum.

O grande problema disso tudo é que a tal da química, neste caso, não é uma ciência exata. E, por mais que as máquinas estejam cada vez melhores em entender isso, elas ainda não captam por completo a profundidade da coisa.

Os pesquisadores decidiram testar essa eficácia em um experimento com 350 universitários. Eles tiveram de responder perguntas sobre sua personalidade, opiniões pessoais, estratégias de conquista e o que esperavam em um parceiro. Essas informações, então, foram submetidas a um algoritmo, que obedece a mesma lógica dos aplicativos de paquera. A ideia era comparar os resultados da máquina com a experiência na vida real, que as cobaias iriam participar em seguida.

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A segunda parte do experimento era nada menos que uma bateria de encontros-relâmpago. Cada um dos participantes compareceu a pelo menos 12 deles, todos bem curtos, com 4 minutos de duração – suficientes para perceber quem vale a pena investir e quem será só perda de tempo. Nos intervalos entre cada um dos dates, as cobaias registravam suas impressões sobre a pessoa que acabaram de conhecer.

Ao comparar os resultados dos questionários com as previsões feitas pelo algoritmo, os cientistas atestaram o fracasso total de suas previsões. As preferências dos usuários, na maioria esmagadora das vezes, não foram nem sequer citadas pela ferramenta. A ineficácia surpreendeu Samantha Joel, uma das coautoras do estudo. “Teve gente que se mostrou disposta a conhecer melhor pessoas que tinham todas as características que elas disseram não gostar em alguém”, disse, em entrevista ao Quartz. “O que você diz não é exatamente aquilo que você deseja. Atração não tem necessariamente a ver com preferências.”

Isso não significa que a melhor escolha seja deletar de vez o Happn, Tinder, Grindr ou outro app que estiver instalado em seu celular. Segundo Joel, o que serviços desse tipo fazem é colocar contatos na sua rede. “É um serviço, não significa que aquela pessoa necessariamente nasceu para você”, completa a pesquisadora. O jeito é aproveitar o cardápio que você tem ali para se atualizar com as tendências do mercado – pelo menos enquanto o seu grande amor não dá as caras.

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