O robô do futuro terá rabo
Tudo inspirado nos cavalos de pau radicais de uma espécie de lagarto australiano.
Foi a essa conclusão que chegaram cientistas da Universidade de Queensland, especialistas na dinâmica de movimento dos lagartos.
Talvez você nunca tenha parado para pensar qual é a função do rabo na vida dos lagartos. Essa questão é exatamente o que motiva o estudo dos pesquisadores Christopher Clement e Nicholas Wu. Eles geraram uma série de simulações em computador do movimento dos bichos – e chegaram até a construir uma pista de corrida dentro do laboratório para botá-los para correr.
Por que tanto interesse? É que lagartos, quando correm, demonstram um curioso “surto de bipedismo” – ou seja, os bichos, que geralmente andam em 4 patas, temporariamente passam a se mover em duas pernas.
Várias teorias tentavam explicar como é que os animais faziam isso. A maioria afirmava que, quando um lagarto corre, a própria aceleração do movimento permite o bipedismo – como se fosse um carro dando cavalo de pau. A aceleração permite que você desloque o centro de gravidade daquele corpo (carro ou lagarto) sem perder o equilíbrio. Mas, como todo mundo que já deu um cavalo de pau sabe, esse tipo de movimento exige uma baita aceleração para dar certo.
Só que Clement e Wu descobriram nos seus estudos que lagartos correm em duas pernas mesmo quando estão em baixa velocidade – às vezes até mesmo quando estão desacelerando. A conta não fechava.
Aí entrou o rabo: a estrutura comprida permitia aos lagartos manter muita estabilidade enquanto eles variavam entre quatro e duas patas. E mais importante: ele era levemente móvel. Quando o lagarto ergue levemente o rabo e a cabeça, o ligeiro deslocamento do centro de gravidade já é suficiente para facilitar o movimento em duas patas, mesmo sem tanta aceleração.
Analisando os répteis – especificamente o dragão aquático australiano, lagarto de nome oficial Intellagama lesueurii howittii – eles perceberam que o rabo é uma vantagem enorme para os bichos: “eles conseguem se mover muito mais rápido, gastando muito menos energia”, conta Nicholas Wu, um dos autores da pesquisa.
Acontece que os mesmos pesquisadores estudam robôs biomiméticos (que imitam a natureza) – e concluíram que a melhor maneira de tornar um robô bípede mais eficiente, veloz e capaz de ultrapassar obstáculos sem cair seria acrescentar a ele um rabo – trazendo, novamente, a eficiência energética e a estabilidade dos lagartos às máquinas. O que C3PO acharia disso?