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Neuralink de Musk faz seu 1º implante de chip em cérebro humano

O bilionário prevê que o Telepathy vai auxiliar pessoas com deficiências de vários tipos. Mas o gadget foi recebido com uma dose compreensível de ceticismo.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 5 fev 2024, 15h15 - Publicado em 31 jan 2024, 19h47

Em mais um movimento rumo a um futuro cyberpunk, Elon Musk afirmou que sua empresa de neurotecnologia, a Neuralink, realizou pela primeira vez o implante de um chip em um cérebro humano.

Através de sua conta no X (ex-Twitter), o bilionário revelou que o procedimento aconteceu na última segunda-feira (29) e foi um sucesso.

Fundada em 2016, a empresa de Musk promete há anos realizar a integração entre biologia e tecnologia por meio do implante de chips eletrônicos no cérebro humano.

Musk promete testar a tecnologia em humanos em 2019, e a empresa estava trabalhando nisso desde então. Até então, os testes haviam sido realizados em macacos (o que rendeu uma grande polêmica envolvendo maus tratos dos animais: mais de 1,5 mil bichos morreram).

No ano passado, a equivalente americana da Anvisa, a FDA (Food and Drug Adminstration), negou os pedidos da empresa de Musk para o início dos testes em humanos. Segundo a agência, havia receio de que os chips pudessem superaquecer ao serem implantados no cérebro.

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Pouco tempo depois, entretanto, os testes finalmente foram liberados. A Neuralink passou a recrutar voluntarios em setembro do ano passado, com foco principal em pessoas que têm algum tipo de lesão no cérebro ou na espinha dorsal e perderam movimentos. 

A ideia da empresa é que, no futuro, os chips da Neuralink possam ajudar pessoas com deficiência a recuperar movimentos e sentidos perdidos.

Mas esse verniz de preocupação terapêutica esconde o objetivo de longo prazo, mais obscuro: transformar pessoas em ciborgues, capazes de enviar mensagens ou jogar com a força do pensamento (algo impossível com as tecnologias disponíveis atualmente). 

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O dispositivo recebeu o nome de Telepathy “telepatia”, em inglês. O chip é conectado por 64 fios mais finos que cabelos a 1.024 eletrodos. Um robô cirurgião de altíssima precisão insere esses eletrodos na região do cérebro relevante (no caso do teste atual, o córtex motor, onde se manifesta a intenção de mover uma parte do corpo).

 

A bateria do chip é carregada sem fio, por aproximação, e fornece a energia elétrica necessária para que os sinais cerebrais sejam decodificados e enviados a um aplicativo que informa qual o movimento que a pessoa pretende fazer.

Apesar da intenção da utilizar os chips, no futuro, para o aprimoramento da cognição cerebral, a empresa afirma que os primeiros contemplados serão aqueles que perderam o uso de seus membros.

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“Permite o controle do seu telefone ou computador, e através deles quase qualquer dispositivo, apenas pensando. Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um digitador rápido ou um leiloeiro. Esse é o objetivo”, disse Musk em sua conta no X.

As afirmações de Musk de que a tecnologia poderá ser usada, no futuro, em casos de autismo e a esquizofrenia foram recebidas com ceticismo por especialistas. Transtornos como esse são complexos, a ideia de de interferir na atividade cerebral dessas pessoas de maneira eficaz e segura ainda é ficção científica.

Já existem, hoje, outras empresas e grupos de pesquisa universitários trabalhando em tecnologias capazes de intermediar a comunicação entre o cérebro e membros de pessoas paraplégicas (ou implantes em pessoas amputadas). Várias delas não exigem cirurgias tão invasivas.

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Ou seja: o trabalho de Musk gera entusiasmo, mas não é exatamente novidade e a grande exposição midiática que o assunto recebeu se deve muito mais à grife do bilionário que, propriamente, ao grau de inovação que o chip representa. A ver quais são os próximos passos da Neuralink.

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