Messenger Rooms: como vai funcionar a nova plataforma de chamadas do Facebook?
O Rooms é a aposta da empresa para competir com serviços como Zoom e Houseparty, que se popularizaram com a quarentena. Veja como ele será.
Houve um tempo em que quase todas as videoconferências aconteciam em um só lugar: o Skype. A plataforma, que pertence à Microsoft, ainda funciona normalmente, mas hoje, a concorrência é grande: Google Hangouts (ou o Meet), Zoom, Houseparty e, agora, o Messenger Rooms, o novo serviço de chamadas de vídeo do Facebook.
A ferramenta foi anunciada na última sexta (24) pelo presidente do Facebook, Mark Zuckerberg. De acordo com as informações divulgadas, o Rooms será capaz de criar “salas” virtuais para até 50 pessoas, que poderão conversar por tempo ilimitado.
Em entrevista ao site The Verge, Zuckerberg disse que a novidade é fruto dos esforços da empresa para focar em conversas privadas. “Nós estamos deslocando mais recursos da companhia para a comunicação privada e para plataformas desse tipo, ao invés de apostar apenas no modelo tradicional de rede social.” Segundo ele, Facebook e Instagram ganharão ferramentas que possibilitem o usuário encontrar grupos menores para “conexões mais íntimas”.
O Rooms deve estar disponível nas próximas semanas. É um momento oportuno – afinal, por motivos de quarentena, nunca se falou tanto por vídeo na internet: o WhatsApp e o Messenger, ambos do Facebook, têm somado 700 milhões de ligações por dia nas últimas semanas, seja por motivos acadêmicos, corporativos ou simplesmente para rever os colegas de happy hour.
É por isso que, além do Rooms, o Facebook anunciou outras mudanças em suas plataformas. O WhatsApp, agora, vai permitir até oito pessoas em seus grupos de videoconferência – antes, o limite era quatro. No Instagram, é possível assistir a lives pelo computador (um recurso antes restrito apenas ao aplicativo). Até o Facebook Gaming vai receber atualizações para transmitir vídeos de streaming.
De olho na concorrência
O Rooms chega com uma difícil tarefa: desbancar outros serviços que se popularizaram recentemente. O maior deles é o Zoom, uma plataforma que, no início, era voltada para reuniões virtuais de trabalho. Com recursos interessantes, como a possibilidade de gravar as chamadas e trocar a imagem de fundo da tela, o Zoom saltou de 10 milhões de usuários para mais de 300 milhões graças à quarentena. Na Bolsa de Valores de Nova York, o valor de mercado da empresa chegou a US$ 47 bilhões.
Outro app é o Houseparty, criado em 2019 e que, hoje, pertence à Epic Games, responsável pelo jogo-fenômeno Fortnite. A premissa da plataforma é oferecer reuniões descontraídas – “house party”, em inglês, quer dizer “festa em casa”. Dentro do aplicativo, é possível se juntar à qualquer sala que esteja aberta e ativar alguns jogos em grupo.
Os dois serviços, no entanto, se envolveram em polêmicas recentes de vazamento de dados. Dentre os problemas do Zoom, estavam a falta de criptografia nas mensagens, o envio de dados sem permissão de usuários de iOS ao Facebook e o hackeamento de 500 mil contas. No caso do Houseparty, alguns usuários reclamaram que suas informações vazaram, mas o caso não foi comprovado.
Como o Rooms vai funcionar
A nova ferramenta do Facebook vai funcionar dentro do Messenger. Será possível criar uma sala, convidar pessoas ou mesmo entrar em um grupo já existente. Para garantir a privacidade, o administrador da conversa poderá fechar a sala (impedindo que outras pessoas entrem) ou simplesmente tirar alguém.
Também será possível reportar comportamentos inadequados. E vale dizer: não será necessário possuir conta no Facebook para participar de uma chamada – basta ter o link de convite para uma conversa.
O Rooms vai pegar algumas funcionalidades emprestadas do Zoom, como editar o fundo de tela das conversas – é como se, atrás de você, estivesse uma tela de chroma key. Mas será diferente em alguns aspectos: o Rooms será gratuito, e as conversas não terão limite de tempo. No Zoom, a versão gratuita permite que as chamadas durem 40 minutos. O serviço do Facebook, contudo, não terá a função de gravar as conversas.
Mais para frente, a ideia é criar “rooms” (“salas”, em inglês) em outros serviços, como Instagram e WhatsApp, além de incluir no Dating, ferramenta de namoro do Facebook, a função de iniciar uma chamada de vídeo com o seu “match”.
Segundo Zuckerberg, a maior preocupação do Rooms será com a segurança dos usuários, uma vez que seus concorrentes enfrentaram problemas relacionados a isso – sem contar as polêmicas de vazamento de informação que o próprio Facebook se envolveu nos últimos anos.
Mas há um problema: o Rooms não possuirá criptografia de ponta-a-ponta, uma tecnologia que reforça a segurança das mensagens, já que os conteúdos só podem ser desbloqueados pelos seus remetentes e destinatários. No WhatsApp, por exemplo, é assim que funciona o tráfego de informações. Apesar disso, o Facebook disse que não irá ouvir ou ver o que acontecerá em suas “salas”.