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Conheça Mindar, o robô que virou monge budista

O templo Kodai-ji, no Japão, instalou uma inteligência artificial que gesticula e recita os antigos ensinamentos de Buda aos fiéis.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 21 jan 2023, 19h03 - Publicado em 20 ago 2019, 19h51

A revolução das máquinas já chegou para a religião – pelo menos no Japão. Um templo budista na cidade de Kyoto resolveu inovar suas práticas com o intuito de se aproximar das pessoas e instalou um robô por lá. Sua função? Declamar sermões aos fiéis.

Com quase dois metros de altura, o robô Mindar tem uma voz feminina e foi feito em homenagem à divindade budista da misericórdia, Kannon. As mãos, o rosto e os ombros do corpo robótico são cobertos com silicone (que imitam a pele humana). E só. Todo o resto é composto por engrenagens metálicas expostas.

O templo Kodai-ji tem 400 anos de história, e Mindar é fruto de uma iniciativa em conjunto com o professor de robótica Hiroshi Ishiguro, da Universidade de Osaka. No total, o projeto custou quase US$ 1 milhão.

Segundo o monge (humano) Tensho Goto, as inovações tecnológicas estão mudando o budismo. Em entrevista à AFP, ele diz que a inteligência artificial poderá guardar as doutrinas e a sabedoria da religião, além de evoluir e se atualizar com mais conhecimento.

Mindar recita passagens do Sutra do Coração, uma das principais escrituras budistas. O robô ensina sobre o desapego aos desejos mundanos e outros princípios da filosofia da religião. Ele só fala em japonês, mas os turistas contam com traduções em inglês e chinês projetadas na parede. 

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Tecnologia sagrada

Os líderes budistas esperam que a máquina consiga atrair principalmente a população jovem, que está muito mais habituada a tecnologia do que às práticas tradicionais. “É claro que o robô não tem alma, mas a fé budista não é sobre acreditar em Deus.”, diz Tensho Goto. “É sobre seguir o caminho de Buda, então não importa se isso é representado por uma máquina, um pedaço de ferro ou uma árvore.”

Algumas pessoas podem se incomodar com a aparência bizarra e maquinal do novo monge, mas não é o caso dos japoneses. De acordo com Goto, a recepção da população tem sido muito positiva – quem se incomoda, na verdade, são os turistas. 

Os visitantes ocidentais têm comparado o Mindar com o monstro de Frankenstein. Os nativos, contudo, não pensam dessa forma. “A população japonesa não tem nenhum preconceito com robôs. Nós crescemos com histórias em que os robôs são nossos amigos.”. Aprende, Black Mirror.

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