Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

“Prove que você é humano”: a história do Captcha

Os cliques frenéticos de votação no BBB 21 estão chegando ao fim, mas os semáforos e barcos continuam estressando muita gente. Entenda como o sistema de verificação funciona.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 9 ago 2022, 14h05 - Publicado em 3 Maio 2021, 19h43

Quem dedicou horas à votação do Big Brother Brasil em 2021 virou craque em identificar semáforos, carros ou bicicletas na tela. É o famoso Captcha, sistema de verificação usado não só em paredões, mas também para o cadastro em sites e qualquer procedimento online que esteja vulnerável à ação de bots – programas de computador que podem desempenhar uma tarefa específica repetidamente. Como votar milhares de vezes.

Em 2020, a Globo precisou se pronunciar sobre acusações de fraude no paredão disputado entre Manu Gavassi, Felipe Prior e Mari Gonzalez. O site registrou 1,5 bilhão de votos, mais do que toda a população da China – virou até recorde no Guinness. É como se cada brasileiro tivesse votado sete vezes em um intervalo de apenas dois dias.

(Claro, a gente sabe que muita gente não assiste ao BBB, tampouco vota nos paredões. Mas deu para sacar a dimensão da coisa).

Muita gente disse que o número poderia ser resultado da ação de bots, mas a emissora descartou a hipótese. Dentre os argumentos utilizados pela equipe de segurança cibernética, está a verificação do Captcha a cada voto computado. Mas, afinal, por que ele é tão bom assim em evitar bots?

Como funciona

Vamos começar pelo nome. Captcha é uma sigla em inglês para Completely Automated Public Turing Test to Tell Computers and Humans Apart (ou “teste público de Turing completamente automatizado para distinguir computadores e pessoas”). Ou seja: trata-se de uma ferramenta para verificar se quem está na frente do computador é uma pessoa – e não um robô.

A lógica do Captcha é a mesma do teste de Turing, criado pelo matemático inglês Alan Turing em 1950. Sim, o mesmo cara que quebrou a criptografia das mensagens nazistas na Segunda Guerra Mundial – e que foi decisivo para o avanço da computação e da inteligência artificial.

Continua após a publicidade

O objetivo do teste é simples: avaliar se uma máquina consegue se passar por um humano. Na versão original, voluntários humanos são colocados diante de duas salas: uma com um computador, outra com uma pessoa. Eles são avisados que, numa delas, há uma máquina, e é preciso descobrir quem é quem. Se mais de um terço dos voluntários errar ao fazer o palpite, bingo: temos uma máquina inteligente. 

Se você acha que identificar semáforos ou clicar em “Não sou um robô” são testes fáceis de burlar, ótimo! Significa que você é humano. Bots, contudo, têm mais dificuldade em tarefas de interpretação – por exemplo, identificar letras que estão distorcidas (há outros mecanismos de verificação, mas chegaremos nele mais adiante).

 

Como surgiu

No início dos anos 2000, o problema não era a votação no BBB, mas sim spams enviados por email e contas falsas criadas no chat do Yahoo!. A empresa de tecnologia, então, entrou em contato com a Universidade de Carnegie Mellon, nos EUA, para pensar em uma solução. Um grupo de estudantes liderado por Luis von Ahn criou a primeira forma de Captcha, baseada na identificação de letras.

O sistema mostrava imagens de letras e números distorcidos, ou com elementos para dificultar a visualização. Um computador não consegue interpretar a imagem; um humano, sim. Para pessoas com deficiência visual, há a opção de ouvir o que está na tela. Atualmente, existem diversos tipos de Captchas, com base em textos, fotos e ilustrações.

Continua após a publicidade

Outros Captchas

Após alguns anos, contudo, von Ahn percebeu que o Captcha forçava milhões de pessoas a digitarem palavras sem sentido diariamente – o que, para ele, parecia um desperdício de esforço humano. Foi quando pensou: “E se o sistema tivesse alguma utilidade para além da verificação?”

Em 2011, foi criado o reCaptcha, uma versão que utiliza trechos de livros ou artigos digitalizados. Ele mostrava duas palavras para o usuário: uma que seria a verificação, de fato; a outra, um termo de uma obra antiga que não conseguiu ser lido por um computador. É aí que está o pulo do gato: ao fazer o preenchimento rotineiro, as pessoas estariam ajudando a transcrever um livro. Palavra por palavra.

.
(creativecommons/Reprodução)

À medida que os sistemas de reconhecimento de texto se aprimoraram, o Captcha precisou evoluir também. As letras ficaram cada vez mais distorcidas, tornando a identificação difícil até nós, humanos. Mas a verdade é que os Captchas de texto são, hoje, cada vez mais raros – os sites têm optado pela versão em que você identifica objetos na imagem.

Continua após a publicidade

Em 2014, o Google lançou o “No-Captcha reCaptcha”, que hoje é a versão mais utilizada na internet. Ela pede que o usuário apenas clique em uma caixinha afirmando que não é um robô. Mas não se iluda com a simplicidade: a frase é meramente ilustrativa.

O que o sistema realmente faz é monitorar o seu comportamento naquela página – a maneira como o mouse se move, como a página é arrastada para baixo, como são feitos os cliques e por aí vai. Daí, se o Captcha não suspeitar que você é um robô, passa tranquilo pela blitz cibernética.

.
(Google/Reprodução)

No entanto, se você estiver se comportando como um bot (por exemplo, votando repetidamente no paredão do BBB), o Captcha mostra imagens ou ilustrações e pede para identificar algum animal ou objeto. Por enquanto, esse se mostrou um jeito eficaz de evitar robôs, mas é provável que não dure por muito tempo. Há casos de algoritmos que conseguiram burlar os sistemas anteriores e atuaram como spammers.

Há ainda uma terceira versão do reCaptcha, lançada em 2018 pelo Google. Há pouco o que falar sobre ele, pois seu funcionamento é pouco detalhado. O que se sabe é que, quando uma pessoa entra em um site com o reCaptcha 3.0, mais aspectos comportamentais são monitorados. O usuário não precisa, em nenhum momento, marcar a caixinha ou interpretar imagens. Uma coisa é certa: à medida que os bots se tornarão mais sofisticados, os Captchas continuarão se reinventando.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.