Como o universo vai acabar?
Se ele nasceu de uma grande explosão,é provável que se retraia até tudo voltar a ser como antes do Big Bang.
Reinaldo José Lopes
Quando o assunto é o destino final do cosmo, todas as cartas ainda estão na mesa. O mero fato de que ele se encontra numa fase de expansão acelerada hoje não implica necessariamente que o universo vá se espalhar para sempre, tornando a matéria e a energia mais e mais rarefeitas até que não existam mais estruturas reconhecíveis daqui a trilhões de anos. Há alternativas, e várias delas têm a energia escura como sua estrela principal.
“Se a energia escura estiver associada a algum campo instável, após seu decaimento a fase de aceleração se encerra. Isso poderia levar a uma expansão desacelerada infinita”, diz Laerte Sodré Júnior. Por outro lado, a energia escura poderia assumir efeito contrário depois que sua capacidade de distender o universo se encerrasse, ficando novamente sujeito à ação “normal” da gravidade. “É como jogar uma bola para o alto. Se a energia inicial não for forte o suficiente, ela sobe por algum tempo e depois volta para baixo”, compara Mário Novello.
Os cientistas já têm até nome para esse fenômeno hipotético: Big Crunch (Grande Contração), o contrário do Big Bang, que levaria a matéria e a energia do universo a se concentrarem novamente num ponto minúsculo, extremamente denso e quente, como nos primórdios do espaço-tempo que conhecemos hoje. A partir daí, haveria um novo ciclo de expansão e contração. “A energia escura desempenharia um papel fundamental nisso: ela esvaziaria a energia e matéria produzidas no bang, espalhando-as de modo muito rarefeito, e preparia o universo para um novo ciclo”, diz Paul Steinhardt, um dos defensores do modelo de Universo cíclico e eterno.
Dessa forma, o que o nosso universo é hoje teria sido influenciado pelos eventos do universo anterior que o gerou, possivelmente eliminando o paradoxo presente na idéia de que tudo o que existe foi criado no momento do Big Bang, sem ter vindo de lugar algum antes. Ainda resta, contudo, muito chão pela frente para que observações e experimentos sejam capazes de confirmar ou refutar o modelo do Big Crunch.