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Como drones vão revolucionar o resgate em desastres

Cientistas conseguiram comprovar um potencial inédito para drones: transportar sangue para áreas de difícil acesso, guerras e acidentes

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 dez 2016, 17h39

A Amazon e o Google podem estar prometendo a entrega de produtos por drones para o ano que vem , mas a Universidade Johns Hopkins estuda como utilizar a tecnologia para uma tarefa bem mais nobre: salvar vidas em áreas sem nenhuma infraestrutura.

Drones só são capazes de carregar bagagens leves e pequenas – ou então acabam precisando de muito mais combustível para atravessar distâncias curtas do que os meios de transporte convencionais. Por isso, pesquisadores pensaram em uma carga nada convencional que precisa ser levada a áreas extremamente remotas, onde nenhuma outra forma de transporte é possível: bolsas de sangue.

Situações de conflito, como Aleppo, na Síria, ou desastre natural, como os terremotos no Haiti, trazem uma combinação perigosa: um número enorme de feridos e uma dificuldade igualmente grande de chegar aos locais afetados usando transportes terrestres.

Carregar suprimentos com aviões ou helicópteros também exige uma infraestrutura mínima para pouso. Por isso, o cientista Timothy Amukele começou a fazer testes com drones. A princípio, ele transportou pequenos frascos, como os tubos usados para exames de sangue comuns. O sangue chegou com a mesma qualidade do que se tivesse sido transportado de carro – possibilitando que pessoas em locais remotos tivessem diagnósticos precisos.

Ele também demonstrou que os drones eram capazes de partir de um navio hospitalar em alto-mar, voar até a praia, apanhar amostras de sangue e voltar ao hospital, tudo isso sem prejudicar a qualidade do sangue para a realização de testes.

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O problema é que situações de emergência com frequência exigem uma grande quantidade de sangue para transfusões – e aí não basta levar frasquinhos.

O mais novo sucesso do pesquisador foi conseguir transportar duas a três bolsas de sangue por vez por até 20 km de distância, em apenas meia-hora.

Não é uma velocidade absurda, mas o desempenho dos drones vai além da agilidade: a carga transportada em pequenas caixas refrigeradas foi mantida em temperaturas aceitáveis para a conservação do sangue, sem danificar as células.

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O experimento foi feito com três tipos diferentes de amostra: seis bolsas contendo hemácias, seis bolsas de plasma e seis bolsas de plaquetas, unidades do sangue essenciais para cicatrização.

Esse tipo de transporte é tão complexo que cada componente do sangue precisa de um armazenamento diferente: hemácias são preservadas com gelo normal, plaquetas com placas termais pré-calibradas e o plasma, com gelo seco. Os três sobreviveram bem ao passeio com o drone, a 100 metros de altitude, mantendo a temperatura mais ou menos constante.  O transporte via drone foi capaz de manter a integridade celular de todas essas categorias.

O próximo passo da pesquisa é testar o transporte via drone controlado remotamente em áreas mais populosas, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. Segundo o pesquisador falou ao site da Johns Hopkins, o objetivo é que procedimentos de resgate em desastres e acidentes envolvam drones em diversas etapas. “Minha visão é que, no futuro, quando um socorrista chegar à cena de um acidente, ele possa testar o sangue na vítima na hora e já pedir ao drone as bolsas do tipo correto de sangue”.

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