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Zuckerberg diz que Facebook tentará evitar manipulação da campanha eleitoral no Brasil

Após escândalo de vazamento de dados, dono do Facebook afirma que a empresa não permitirá ações como as realizadas nos EUA

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 mar 2018, 18h20

A bomba explodiu no último dia 19: o canal britânico Channel 4 exibiu uma reportagem onde mostrava que a empresa de análise de dados Cambridge Analítica estava usando informações de usuários do Facebook em campanhas eleitorais ao redor do planeta. O grupo foi responsável pelo marketing online da campanha de Donald Trump, e também trabalhou na campanha a favor do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia). Mas a empresa utilizou as informações de 50 milhões de pessoas – que não haviam autorizado isso. Agora, o CEO do Facebook afirmou que compreende a gravidade das revelações – e que diz que o Facebook irá trabalhar para evitar tentativas de manipulação online nas eleições brasileiras.

A trama de teoria da conspiração afetou a Rede Social direto no coração. Desde a revelação, o Facebook já perdeu US$ 60 bilhões em valor de mercado. Na noite de ontem, 21, Mark Zuckerberg finalmente se pronunciou: deu uma entrevista à CNN, explicando o que tinha acontecido.

O CEO do Facebook clama que Aleksandr Kogan, um pesquisador da Universidade de Cambridge, teve autorização da rede social para criar um aplicativo de análise psicológica, que coletaria dados de voluntários. 175 mil pessoas toparam participar do processo em troca de uma pequena remuneração não revelada. A questão é que Kogan conseguiu também as informações dos amigos das pessoas que instalaram os aplicativos. Exponencialmente crescendo, o montante de vítimas passou para a casa das dezenas de milhões.  Em seguida, o pesquisador vendeu essas informações para a Cambridge Analytica (que, vale ressaltar, nada tem a ver com a Universidade).

Zuckerberg afirma que tudo isso aconteceu em 2015 e que, no mesmo ano, o Facebook descobriu tudo e exigiu que tanto Kogan quanto a Cambridge Analytica deletassem as informações obtidas durante esse processo. O que, em tese, teria acontecido.

No meio da entrevista, o CEO do Facebook cravou: “Este ano vai acontecer uma grande eleição na Índia, uma grande eleição no Brasil, existem várias grandes eleições ao redor do mundo, e você pode apostar que estamos muito comprometidos em fazer tudo que precisamos para ter certeza que a integridade dessas eleições será garantida no Facebook. ”.

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A preocupação de Zuckerberg com o Brasil faz sentido. Na reportagem do Channel 4, representantes da Cambridge Analytica são filmados comentando sobre nosso país. De acordo com a filmagem (feita com câmeras escondidas), o Brasil estava na lista de nações que, em breve, sofreriam interferências nas eleições por meio dos dados obtidos no Facebook. “Fizemos no México, na Malásia, e agora estamos indo para o Brasil, China, Austrália…”, diz Alex Tyler, chefe de dados da Cambridge Analytica.

A reportagem do Channel 4 também revelou que a empresa se dispunha a espalhar informações falsas sobre adversários políticos de seus clientes, bem como armar situações filmando entregas de dinheiro ou encontros de políticos com mulheres. Essas ações, de acordo com os relatos filmados, contavam com o apoio de ex-espiões de instituições como a MI-5 (serviço de inteligência britânico).

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