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Obesidade afeta 1 em cada 4 na América Latina e Caribe, diz FAO

Segundo relatório de agência da ONU em parceria com a OCDE, 60% da população da região tem sobrepeso – número que aumentou 25% nas últimas quatro décadas.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 12 mar 2024, 14h17 - Publicado em 8 jul 2019, 18h27

Obesidade, má nutrição e falta de micronutrientes. É este o tripé que ameaça a alimentação de regiões como a América Latina e Caribe segundo um novo relatório elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) em parceria com a FAO (Agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação).

O informe “Perspectivas agrícolas 2019-2028”, que foi divulgado nesta segunda-feira (8), estima que 25% da população da região sofra de obesidade – número que, segundo as agências, já configura uma epidemia. Não para por aí: 60% dos que vivem na América Latina e Caribe têm sobrepeso, quando o peso médio está acima do considerado saudável.

As taxas são superiores à média da Europa e comparáveis a países de alta renda, onde, historicamente, as pessoas costumam ter centímetros a mais no quadril. América Latina e Caribe, hoje, ficam atrás apenas da América do Norte no ranking de regiões de planeta com porcentagem maior de obesos.

O documento aponta que o total de pessoas com sobrepeso na região, que era de 35% do total em 1975, saltou para 60% em 2016. A parcela da população relativa aos obesos foi de 8% em 1975 para 25% em 2016. O país que mais se destaca no quesito é o México, onde 65% da população tem sobrepeso. Você pode ler o levantamento completo clicando neste link.

O maior número de obesos não significa que as pessoas estejam apenas consumindo uma quantidade maior de comida. A origem das calorias ingeridas também é um problema.

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O relatório destaca que o Brasil teve a maior redução no consumo de açúcar: em 1998, 17% do total de calorias tinha origem em alimentos açucarados, número que era de 12% em 2018. “Ainda assim, essa tendência de declínio não apareceu em todos os países da América Latina e Caribe”, diz o documento. Outros países apresentaram, inclusive, um ligeiro aumento. É o caso de Argentina, onde o total de calorias vindas do açúcar na dieta da população saltou de 13,5% para 14% em 20 anos.

Há, também, uma tendência em relação à porcentagem que alimentos gordurosos representam em relação ao total de calorias. Nas últimas duas décadas, esse número foi de 26% para 29,5% em países da América Latina e Caribe – próximo aos 30%, valor máximo recomendado pela OMS. “Alguns países da região, como Argentina, Brasil e Chile já estão acima desse ideal”, completa.

Dados da OMS de 2016 mostram que 22,1% da população do Brasil era obesa e 56,5% tinha sobrepeso. Em 1975, esses números eram de 5,2% e 27,5%, respectivamente.

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Apesar do excedente de produção agrícola, a quantidade de pessoas em situação de insegurança alimentar aumentou pelo terceiro ano seguido. Como segurança alimentar, você pode entender o acesso a comida saudável e em quantidade adequada.

Segundo o documento elaborado pela FAO e OCDE, o problema parece seguir avançando “especialmente para os setores pobres da população, as mulheres, as populações autóctones, as pessoas de ascendência africana e, em certos casos, as crianças”.

Um relatório feito em 2017 pelo Programa Mundial Alimentar (WFP) e pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (ECLAC) afirma que a subnutrição deve se tornar o principal problema social e econômico na América Latina e Caribe.

Essa condição parece ainda mais contraditória se olharmos para a importância da região na produção de comida. A América Latina e Caribe é responsável por 14% dos produtos agrícolas e pesqueiros que são comercializados no mundo todo, e garante 23% das exportações nesse quesito. Para 2028, espera-se que o aumento no setor seja de até 25%.

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