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No Canadá, ursos polares encrenqueiros podem acabar na prisão

Inaugurada em 1982 na cidade de Churchill, o estabelecimento funciona como uma reabilitação para que os animais possam voltar a conviver com humanos.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 2 fev 2024, 12h34 - Publicado em 30 jan 2024, 16h04

A cidade de Churchill, no Canadá, tem 850 residentes humanos. Mas ela não é tão pacata quanto parece. Um dia, você está tomando café da tarde com o prefeito; no outro, precisa trocar a janela de casa que foi arrombada por um urso polar.

Churchill fica no litoral da Baía de Hudson, numa região fria e remota do país. Durante o inverno, parte da baía congela e atrai ursos polares famintos por focas. Os animais passam meses se empanturrando, e então voltam para terra firme no verão. Não há muita comida por lá, então os ursos se mantêm com a gordura corporal acumulada no inverno.

É exatamente na rota dessa peregrinação anual que fica Churchill. Está longe de ser o lugar mais seguro para morar, mas a cidade já serviu como um sítio para observações astronômicas e base militar. Além de ser um ponto isolado, a baía dá acesso ao Oceano Ártico.

Bom, os moradores têm que lidar de alguma forma com as centenas de ursos polares que passam por lá todos os anos. Até a década de 1980, o mais fácil era simplesmente atirar e matar os animais que estivessem tentando arrombar casas ou causando algum tipo de confusão pela cidade.

Só que os ursos polares não estão exatamente sobrando no reino animal. Estima-se que existam entre 22.000 e 31.000 indivíduos no mundo, o que classifica a espécie como vulnerável. Segundo um levantamento de 2021, a população de ursos da Baía de Hudson caiu 27% nos últimos cinco anos, indo de 842 para 618 espécimes. O principal motivo é o aquecimento global, que deixa os invernos cada vez mais curtos. Isso diminui o período que os ursos têm para caçar focas, fazendo com que muitos morram de fome.

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Se o animal estiver faminto e sem poder caçar, é possível que ele procure comida na cidade, colocando os moradores em risco. Em vez de matar o animal, os canadenses criaram um centro de detenção para os bichos mais encrenqueiros 

Prisão de Ursos Polares

Prisão de ursos polares
(Ben Brownlee/Reprodução)

A prisão de ursos polares (em inglês, Polar Bear Holding Facility) foi inaugurada em 1982. Ela conta com 28 celas feitas de aço: 26 são individuais, e duas são para mães com filhotes. Cinco das celas têm ar-condicionado para manter os animais confortáveis nos verões mais quentes.

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A prisão fica mais lotada um pouco antes do inverno: a baía ainda não congelou totalmente, mas os ursos já estão com fome depois de passar meses jejuando. Se algum deles começa a causar problemas na cidade, ele é sedado e levado à prisão. O animal fica lá por algumas semanas, até que a baía congele e ele possa sair para caçar.

Os ursos presos também recebem uma identificação na orelha e tatuagem no lábio (é comum que os animais percam a orelha em brigas). Isso serve para identificar ursos potencialmente perigosos – e reincidentes na prisão.

A intenção é que os ursos aprendam que mexer com os humanos não vale a pena, porque resulta numa experiência chata e maçante. Os animais recebem água e gelo, mas nunca comida, para que não associem os humanos a alimento. “Eles já estão em jejum”, disse Geoff York, diretor de conservação da Polar Bear International, ao veículo AtlasObscura. “Eles perdem o mesmo peso que perderiam se estivessem soltos. É uma experiência de jejum semelhante ao que eles teriam se não estivessem na instalação”.

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Os animais são soltos assim que a baía congela. O dia de desencarceramento virou um evento entre os moradores da cidade, que se reúnem para ver os ursos serem liberados no gelo.

Não à toa, Churchill se denomina a “capital dos ursos polares”. A vila atrai turistas que procuram ver ursos e belugas no seu habitat natural – além da aurora boreal que aparece na maior parte do ano, mas especialmente em janeiro, fevereiro e março. Pronto para a viagem?

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