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Megacidade no deserto da Arábia Saudita será bem mais modesta que o previsto

A "The Line" foi originalmente planejada para ter 170 km de extensão até 2030. O projeto, porém, deve atingir só 2,4 km até lá.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 11 abr 2024, 17h53 - Publicado em 11 abr 2024, 17h50

Dentre as várias construções megalomaníacas anunciadas como parte da Neom, a grande megalópole que o governo da Arábia Saudita pretende construir no meio do deserto, a principal delas é a futurista The Line, originalmente anunciada como uma grande cidade espelhada linear na costa do Mar Vermelho.

Mas, ao que tudo indica, o projeto deve ser mais bem mais modesto do que o planejado.

Os planos iniciais estimavam uma faixa urbana com 200 metros de largura, formada por prédios paralelos espelhados de 500 metros de altura. Esses edifícios se estenderiam por uma linha de aproximadamente 170 quilômetros, e seus quase 9 milhões de habitantes iriam se locomover para lá e para cá com trens balas. Tudo isso com energia limpa, sem carros.

A ideia era que toda essa cidade do futuro ficasse pronta até 2030, mas houve uma mudança de planos. A ambiciosa cidade, que antes estava estimada em $1,5 trilhão, teve seu projeto revisto, e , pelo menos a médio prazo, será menor do que se havia planejado. 

Dos seus 170 km, os oficiais acreditam que pouco mais de 2,4km estarão prontos até 2030. O governo esperava também abrigar uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas, mas também não será mais o caso. As estimativas apontam que em 2030 a cidade seja habitada por pouco mais de 300 mil habitantes.

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A notícia da redução, entretanto, não chega a pegar a todos de surpresa. Desde o seu anúncio, o projeto vem sendo cercado de ceticismo e polêmicas. A começar pelo seu idealizador.

O grande líder do projeto é o príncipe regente da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Ele é acusado de envolvimento no assassinato do jornalista do Washington Post, Jamal Khashoggi, além de vários outras violações dos direitos humanos. 

A própria construção da cidade também é alvo de críticas. Desde 2021, quando começou a sair do papel, a cidade enfrenta resistência de alguns povos que vivem na região. O governo é acusado de executar pessoas da tribo Howeitat, por exemplo, pela recusa de cederem as terras para as obras.

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As mudanças vem acompanhadas também de problemas orçamentários. Uma das empreiteiras envolvidas no projeto já começou a demitir funcionários, enquanto o orçamento de 2024 para a Neom ainda não foi aprovado pelo governo saudita. Isso acontece após uma queda de $15 bilhões nas reservas do fundo soberano do governo. 

Além disso, alguns trabalhadores envolvidos alegam que parte dos problemas de orçamento se deve à cidade ser uma utopia desvinculada da realidade.

O projeto inicial idealizado por bin Salman retrata uma cidade mais longa que a distância entre Nova York e Filadélfia, confinada inteiramente em arranha-céus espelhados mais altos que o Empire State Building.

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A megalópole do futuro faz parte do plano de tornar a Arábia Saudita menos dependente do petróleo. Além do The Line, o plano inclui uma cidade industrial, portos, atrações turísticas e um resort. A expectativa, inclusive, é que o lugar seja a sede dos Jogos de Inverno Asiáticos em 2029.

Você pode ver imagens e vídeos sobre o projeto através do site da Neom clicando aqui.

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