Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Estudo comprova: mulheres são menos creditadas na ciência do que homens

Há uma diferença de 59% entre a nomeação de mulheres e homens em patentes relacionadas a projetos em que ambos trabalharam.

Por Luisa Costa
Atualizado em 27 jun 2022, 16h31 - Publicado em 23 jun 2022, 17h22

Ser cientista é uma tarefa mais difícil para as mulheres – e não só por causa da jornada dupla de trabalho (a ciência somada aos afazeres domésticos), do assédio e do preconceito que elas enfrentam. As cientistas têm de se esforçar significativamente mais para que suas contribuições sejam reconhecidas, e muitas vezes são deixadas de lado nos estudos em que participam.

A desigualdade de gênero na ciência não é novidade, claro. Mas faltava colocar a diferença na ponta do lápis e entender sua razão de ser. “Sabemos há muito tempo que as mulheres publicam [artigos científicos] e patenteiam [invenções] a uma taxa menor do que os homens”, afirma Julia Lane, da Universidade de Nova York, coautora de um estudo sobre quem recebe crédito por projetos científicos e quem não recebe. 

Lane e seus colegas usaram um banco de dados chamado UMETRICS, organizado pelo Censo americano e pelo Instituto de Pesquisa em Inovação e Ciência da Universidade de Michigan (EUA).

Essa plataforma reúne informações sobre o investimento em pesquisa nas universidades americanas. São dados de 128 mil pessoas que trabalham (ou trabalharam) em 9,7 mil equipes de pesquisa – docentes, alunos e pesquisadores em geral.

A partir dela, a equipe de Lane pôde descobrir quem exatamente estava envolvido e sendo pago em projetos de 52 faculdades e universidades, entre 2013 a 2016. Esses dados foram vinculados a informações de autoria de patentes e artigos publicados em revistas científicas.

Continua após a publicidade

Assim, eles puderam descobrir quem trabalhava nos projetos e acabou sem receber crédito por suas contribuições. Os resultados, que foram publicados na revista Nature, mostraram que as mulheres são menos propensas do que homens a serem creditadas – lacuna que afeta negativamente suas perspectivas de carreira na ciência.

Segundo os autores do estudo, há uma diferença de 59% entre a nomeação de mulheres e homens em patentes relacionadas a projetos em que ambos trabalharam. Elas têm menos chance de receber crédito por seu trabalho mesmo nas áreas em que formam a maioria dos pesquisadores – como a área da saúde.

A diferença é vista principalmente nos estágios iniciais de carreira. A análise de dados mostrou que 15 em cada 100 estudantes de pós-graduação do sexo feminino foram nomeadas como autoras de artigos científicos. Enquanto isso, 21 em cada 100 homens na mesma posição receberam crédito.

Continua após a publicidade

Também se percebeu, entre os projetos analisados, que as mulheres são menos propensas a serem indicadas como autoras de estudos quando estes eram publicados em periódicos científicos de alto impacto – que são referência no meio acadêmico.

As consequências desse cenário são fáceis de se imaginar. À medida que cientistas mulheres recebem menos crédito do que homens, mesmo contribuindo da mesma forma em projetos de pesquisa, elas têm mais dificuldade de crescer profissionalmente e conseguir bolsas ou cargos.

Em uma pesquisa com mais de 2,4 mil cientistas realizada pela equipe de Lane, como forma complementar de informações, 43% das mulheres disseram ter sido excluídas de um artigo científico para o qual contribuíram. Entre os homens, 38% dos entrevistados já se sentiram assim.

Continua após a publicidade

Mais mulheres relataram situações de discriminação e preconceito, em que suas contribuições eram subestimadas. Outras minorias sociais e estrangeiros também afirmaram que precisam se esforçar mais do que seus colegas para terem seu trabalho reconhecido.

Com os resultados obtidos, os autores do estudo esperam oferecer pistas sobre como a produção de conhecimento científico se organiza – e ajudar na formulação de políticas públicas que possam aumentar a diversidade na ciência.

“Pelo menos algumas das diferenças de gênero observadas na produção científica podem existir devido a diferenças na atribuição, não na contribuição científica”, escrevem os pesquisadores.

Continua após a publicidade

Você pode conhecer oito mulheres que fizeram contribuições históricas para a ciência nesta matéria da Super. Também pode ficar por dentro do trabalho de cientistas brasileiras contemporâneas em nosso blog Mulher Cientista.

Compartilhe essa matéria via:

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.