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Esta pequena ilha vai se tornar o mais novo país do mundo

Bougainville, um território no Pacífico, caminha para sua independência em 2027.

Por Bruno Carbinatto
1 abr 2025, 10h00

O atual caçula dos países é o Sudão do Sul, que surgiu só em 2011, quando se separou do seu vizinho Sudão. Mas isso pode estar prestes a mudar: Bougainville, uma pequena ilha no Pacífico, caminha para se tornar a mais nova nação do mundo. Se tudo correr como o previsto, o território conseguirá a sua independência em 2027.

Atualmente, Bougainville faz parte de Papua Nova Guiné, país localizado na Oceania, logo ao norte da Austrália. O território é ocupado por humanos há milênios, e foi visitado por exploradores europeus nos séculos 17 e 18 – o nome da ilha vem de Louis Antoine de Bougainville, um marinheiro francês que navegou pela região em 1768.

Em 1886, a Alemanha invadiu o local e começou sua colonização da ilha (e de outras na região do Pacífico), como parte de seu projeto imperial. O país, ao contrário de outras potências europeias como Inglaterra, Espanha e França, não tinha um histórico colonizador antes disso, e seu controle sobre Bougainville foi fraco e mal administrado. 

Após a Primeira Guerra Mundial e a derrota alemã no conflito, Bougainville passou a ser controlado pela Austrália, que também dominava o território da atual Papua Nova-Guiné. A ilha foi invadida pelo Japão na Segunda Guerra, mas voltou ao controle australiano após a vitória dos Aliados. Quando, em 1975, a Papua Nova Guiné conseguiu sua independência da Austrália, Bougainville se separou junto com o novo país.

Fotografia das pessoas da ilha de Bougainville.
(Bougainville Arts Culture Tourism Authority/Reprodução)

Acontece que a população local de Bougainville não se identifica com a Papua Nova Guiné culturalmente e socialmente, e, por isso, se declararam uma nação separada já de início – algo que não foi aceito pelo novo governo papuano. O impasse foi resolvido com negociações em 1976, resultando na criação do Território Autônomo de Bougainville, que, apesar de ser oficialmente parte da Papua Nova Guiné, possui uma certa liberdade e autonomia para se autogovernar. 

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O Território Autônomo de Bougainville é formado pela ilha de Bougainville, que concentra a maior parte da população e da área geográfica, e por outra ilha, Buka, onde fica a capital de mesmo nome. São 300 mil habitantes, equivalente a Palmas (TO).

Apesar da autonomia, o desejo de independência permaneceu entre os habitantes de Bougainville. Assim como os papuano, os nativos da ilha integram o grupo étnico conhecido como melanésios, mas possuem mais proximidade cultural e linguística com os locais das Ilhas Salomão – um outro país formado por ilhas na região.

Além disso, a população local acusava o governo da Papua Nova Guiné de explorar a região, principalmente por meio da mineração, sem repartir os lucros com os locais.

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Grupos separatistas armados foram formados, e, em 1989, o conflito culminou numa guerra civil entre o governo de Papua Nova Guiné e as facções que buscavam a independência. A paz só foi selada em 2000, com países como Nova Zelândia e Austrália ajudando nas negociações, mas o desejo de independência continuou.

Em 2019, um plebiscito feito com a população de Bougainville resultou em 98% de votos pela independência. O resultado não foi aceito de cara pela Papua Nova Guiné, mas o território seguiu em frente e declarou que buscaria a separação total entre 2025 e 2027. 

Agora, em março de 2025, o governo local reiterou que a independência virá no dia 1 de setembro de 2027. Um rascunho de Constituição para o novo país já foi feito, inclusive.

Desde o plebiscito de 2019, as autoridades de Papua Nova Guiné vêm negociando com o governo local, e, ao que tudo indica, parecem ter aceitado a independência do território, apesar de inicialmente relutarem. O Parlamento do país da Oceania, porém, ainda precisa oficializar essa posição em votação. 

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Há um fator econômico na história: apesar da pequena população de Bougainville (300 mil, contra 10 milhões da Pápua Nova Guiné), a ilha contém a mina Panguna, que conta com uma das maiores reservas de cobre do mundo, além de possuir também reservas de ouro. Os lucros da mina eram preciosos para a Papua Nova Guiné – cerca de 12% do PIB do país vinha dela – e, por isso, o governo não queria aceitar a independência de Bougainville.

A mina Panguna, porém, foi fechada em 1989, em meio à guerra civil na ilha e aos impactos ambientais na região. Bougainville, no entanto, pretende reabrir o negócio e retomar a mineração após a independência. 

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