E se Pelé jogasse hoje?
Em 2008, perguntamos a alguns dos mais respeitados cronistas esportivos do Brasil como seria se Pelé atuasse no século 21. Veja as respostas.
Juca Kfouri, comentarista da CBN e colunista da Folha de S.Paulo:
“Ele seria melhor do que foi. É uma bobagem dizer que ele foi grande porque o futebol da época era mais lento. Com o preparo que se dá hoje, com o equipamento esportivo, a qualidade dos gramados, Pelé faria mais do que fez e seria um megastar.
E, se o Pelé não tivesse jogado, talvez o Brasil tivesse uma imagem diferente no mundo. Ele contribui para a imagem falsa de que o Brasil é o país do futebol. Ingleses e argentinos gostam muito mais do esporte que nós.”
Tostão, companheiro da seleção de 1970 e colunista da Folha de S.Paulo:
“Não dá para falar se faria mais ou menos gols. De uma coisa eu não tenho dúvida: seria o melhor jogador do mundo, disparado. Ele certamente não jogaria no Brasil, seria o grande astro de um Barcelona ou Arsenal. O mais incrível é que o Pelé, numa época que não havia toda essa celebração da mídia, atingiu uma fama que hoje nenhum jogador tem.
Só temo que ele tivesse sido levado cedo demais para uma escolinha de futebol. As escolinhas dão muita ênfase às regras, à parte tática. O mais importante para um menino, antes de chegar aos 15, é brincar e se divertir. É aí que ele desenvolve a criatividade e a habilidade.”
Paulo Vinícius Coelho, comentarista dos canais Globo, da CBN e colunista da Folha de S.Paulo:
“Acredito que ele seria o melhor, mas não teria o tratamento de majestade. É mais difícil criar uma unanimidade hoje: já que é possível ver muito mais de perto o jogador, os defeitos ficam muito mais evidentes em todos os momentos. Se ele ficar uma partida sem jogar bem, já é criticado – e o Pelé não jogou bem todas as semanas da carreira dele.
Com um melhor preparo, hoje o Pelé jogaria na posição de segundo homem de frente. Faria boa dupla com um atacante rápido e insinuante, como o Ronaldo no melhor momento.”
Sérgio Xavier, comentarista do SporTV e ex-diretor de redação da revista Placar:
“Ele seria tão grande ou mais. O Pelé nem precisaria ser diferente. O Pelé dos anos 60, transportado para este milênio, já serviria. Preparo físico ele tinha de sobra: praticamente não se machucava e dizia-se que, se fosse bem treinado, teria sido um dos 10 melhores atletas do mundo no decatlo.
Porque ele era muito profissional: ficava até o fim do treino, praticando cobranças de falta. Outra coisa que se diz é que ele jogou numa época em que a marcação era mais frouxa. É verdade, havia mais espaço para jogar – mas não para o Pelé. Sempre havia pelo menos dois marcadores em cima dele.”