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Tomar café pode substituir injeções de insulina para diabéticos

Essa é para quem defende os benefícios do cafezinho: agora ele pode melhorar a vida de quem sofre com diabetes

Por Ingrid Luisa
20 jun 2018, 17h32

Agulhas não são novidade na vida de quem é diabético. Injeção de insulina, verificação de glicemia, é uma rotina que envolve perfurações. Mas imagine se elas pudessem ser substituídas por xícaras de café? É exatamente nisso que cientistas suíços estão trabalhando: eles criaram um implante celular que libera medicação para diabéticos quando detecta cafeína no sangue.

Para que essa façanha fosse possível, pesquisadores suíços usaram biologia sintética: eles modificaram células humanas, tornando-as capazes de produzir uma substância usada como medicamento para diabetes, a GLP-1. Ela estimula a produção e secreção de insulina (hormônio que “tira” a glicose do sangue e “coloca” dentro das células) pelo pâncreas, além de inibir o glucagon (hormônio com função contrária à da insulina) quando está numa situação de hiperglicemia. 

O implante é composto de milhares de cápsulas semelhantes a gel, cada um contendo centenas de células modificadas. Essas células possuem em seus genes um comando que detecta moléculas de cafeína presentes no sangue. Quando isso ocorre, elas reagem fabricando o GLP-1.

Se isso se tornar viável, vai revolucionar a vida de milhares de pessoas. No Brasil, por exemplo, bastaria manter o costume de tomar café depois das refeições para ter a diabetes controlada. E as pesquisas são animadoras: testes em ratos mostraram que o implante sob a pele pode ser estimulado pela cafeína presente em café, chá ou bebidas energéticas. Ou seja, até um coadinho feito em casa tá valendo. E o melhor: se for necessário aumentar a dose de medicamentos, basta simplesmente tomar um café mais forte (com mais cafeína). 

Para testar as quantidades de cafeína que as células detectavam, os cientistas usaram diferentes tipos de café, chás de ervas e até milkshakes. Esses dois últimos, como esperado, não tiveram efeito algum, mas todo o resto testado (até um shot do Starbucks) fizeram as células implantadas produzir GLP-1. Claro, em quantidades variadas, de acordo com o teor de cafeína de cada bebida.

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A tecnologia, porém, ainda exige muitos testes até ser disponibilizada para humanos. Martin Fussenegger, líder das pesquisas no Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, acredita que pode levar uma década para para garantir que é uma abordagem segura e eficaz. Mas é algo em que vale a pena insistir:  “Você poderia ter sua vida normal de volta. O implante pode durar de seis meses a um ano antes de precisar ser substituído”, diz o pesquisador.

No Brasil, mais de 16 milhões de pessoas sofrem com diabetes  e, segundo um relatório da OMS de 2016, a doença mata 72 mil pessoas por ano no País. Mundialmente, esse número é ainda mais espantoso: 422 milhões são afetados. Se, no futuro, uma xícara de café resolver esse problema, as próximas gerações terão a sorte de conviver com menos agulhas.

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