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Quantos órgãos acabariam com a fila de transplantes no Brasil?

Mariana Iwakura 62 820. É essa a quantidade de órgãos e tecidos de que precisamos para extinguir as filas de espera no Brasil. Mas estamos bem longe da meta. Em 2003, captamos 1 186 órgãos (sem contar a córnea, que é um tecido), um número irrisório perto de outros países. Os Estados Unidos, por exemplo, […]

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Atualizado em 31 out 2016, 18h31 - Publicado em 31 dez 2004, 22h00
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    Mariana Iwakura

    62 820. É essa a quantidade de órgãos e tecidos de que precisamos para extinguir as filas de espera no Brasil. Mas estamos bem longe da meta. Em 2003, captamos 1 186 órgãos (sem contar a córnea, que é um tecido), um número irrisório perto de outros países. Os Estados Unidos, por exemplo, captam cinco vezes mais que a gente todo ano. “Falta conscientização dos profissionais de saúde de que o doador é precioso. Às vezes, só o rim é retirado e os médicos nem avisam à Central de Notificação, Capacitação e Distribuição que há um doador de outros órgãos”, diz Marcelo de Miranda, que coordena o Programa de Transplantes de Fígado e Pâncreas dos hospitais Beneficência Portuguesa e Albert Einstein, em São Paulo.

    Mas não é só a falta de informação que atrapalha o andamento da fila. Órgãos só podem ser extraídos em uma condição bem específica: cérebro morto e coração batendo (a não ser para retirada da córnea, que permite que o coração tenha parado há até oito horas). O problema é que esse quadro é raro. Estima-se que, no Brasil, a cada 1 milhão de pessoas, 50 têm morte encefálica. Dessas, muitas não podem ser doadoras por causa de doenças como hepatite C ou aids. No fim das contas, só 13 pessoas em 1 milhão podem ter seus órgãos doados.

    A boa notícia é que nosso sistema de filas é muito organizado. O paciente é avaliado por uma das equipes cadastradas no Ministério da Saúde e inscrito em uma única fila estadual. Quando há um potencial doador no pronto-socorro ou na UTI, os médicos avisam uma das 22 centrais que existem hoje no país. Testes constatam a morte encefálica e a ausência dos fatores excludentes. A central entra em contato com as equipes responsáveis pelos primeiros das filas de cada órgão, prioritariamente dentro do estado do doador. Caso não haja um receptor ali, o órgão segue para um paciente do estado mais próximo.

    Além disso, o Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes do mundo. De todos os procedimentos realizados aqui, 92% são feitos no Sistema Único de Saúde.

    Coração

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    Fila: 240 pessoas. A fila é curta porque 75% dos pacientes morrem enquanto aguardam o órgão. A cirurgia de transplante é complexa e cara. Poucos hospitais a fazem de forma rotineira

    Doenças: doenças degenerativas próprias do envelhecimento (como a doença aterosclerótica, infarto agudo do miocárdio) e doenças congênitas (como a hipoplasia de câmaras esquerdas, em que o ventrículo esquerdo e a aorta são hipodesenvolvidos, como se faltasse metade do coração)

    Espera: 6 meses a 1 ano

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    Córnea

    Fila: 24 252 pessoas. Desde 2001, o governo colocou em prática um projeto que visa extinguir a fila para esse transplante. Assim, bancos de olhos foram criados em todo o país para incentivar a captação. O projeto é recente e, por isso, a fila continua muito grande. A meta é que ela seja extinta ao fim de 2007

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    Doenças: ceratocone (uma doença hereditária que altera a curvatura da córnea ), infecções e traumas

    Espera: 1 ano

    Fígado

    Fila: 6 186 pessoas. A fila se concentra no estado de São Paulo. Metade das pessoas morre na espera, já que não há métodos alternativos para manter o paciente vivo. Há necessidade de descentralização para outros estados

    Doenças: cirrose hepática, em decorrência de alcoolismo ou de hepatite C e doenças congênitas. No caso de alcoolismo, o paciente precisa passar por uma avaliação psiquiátrica e estar sóbrio há seis meses

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    Espera: 3 anos

    Pulmão

    Fila: 96 pessoas. Há poucos grupos que fazem a cirurgia e é possível manter o paciente vivo com medicação e cateter no nariz. Assim muitos não entram na fila, que acaba sendo pequena. Além disso, a cirurgia só é feita até os 65 anos e, muitas vezes, o paciente só percebe o estrago no pulmão depois da idade-limite

    Doenças: enfisema pulmonar, causada geralmente pelo tabagismo, fibrose pulmonar idiopática e doenças pulmonares supurativas (infecções crônicas)

    Espera: 6 meses a 1 ano

    Rim

    Fila: 31 058 pessoas. A demanda pelo órgão cresce mais do que sua oferta, devido à grande incidência de doenças no rim. Ao contrário do que acontece com o pulmão, a cirurgia é bem difundida e realizada em diversos hospitais. Assim, os pacientes se mantêm na fila mesmo sendo possível sobreviver com hemodiálise. Um paciente pode esperar até oito ou dez anos nessa situação

    Doenças: diabetes, hipertensão e nefrite (inflamação nos rins)

    Espera: 2 a 3 anos

    Pâncreas

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    Fila: 214 pessoas. A indicação é mais restrita do que para a fila de transplante duplo – quem está com o rim pelo menos razoável só recebe pâncreas. Esse foi o transplante que mais cresceu nos últimos anos. Só no primeiro semestre de 2004, foram realizados 66 cirurgias, o dobro das que foram feitas em 2000

    Doenças: diabetes tipo 1 com complicações – vista ruim, neuropatia. Somente 20% desses casos conseguem ficar fora da hemodiálise

    Espera: 3 a 6 meses

    Rim/pâncreas

    Fila: 387 pessoas. Há muito menos gente nessa fila que na do rim, já que há menos pessoas precisando do transplante duplo. Mas há também menos pessoas aptas a doar ambos os órgãos – nesses casos, só o transplante duplo e simultâneo resolve o problema

    Doenças: diabetes tipo 1 com complicações – além de ter o pâncreas comprometido, o paciente sofre de insuficiência renal. O transplante duplo cura a diabetes e a insuficiência renal, livrando o paciente das injeções de insulina

    Espera: 2 anos

    Para a fila andar

    Como ajudar quemprecisa de órgãos

    • Um rim ou um pedaço do fígado ou do pulmão pode ser doado em vida a um parente de até quarto grau. Entre não-parentes, é necessária uma autorização judicial. Para doar medula óssea, procure o hemocentro mais próximo de sua casa. Seus dados genéticos ficarão armazenados e serão consultados quando algum paciente precisar do transplante

    • Se você deseja ser um doador após a morte, avise sua família. É ela que terá de autorizar a retirada de seus órgãos caso você tenha morte encefálica. Aquela observação que ficava na carteira de motorista ou na identidade não tem mais validade

    • Se algum de seus parentes tiver morte encefálica, avise ao médico, ao hospital ou à central mais próxima que vocês desejam doar os órgãos. A família não tem nenhuma despesa com o procedimento

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