Qual é o jeito certo de usar o próprio corpo para surfar?
Se você vive engolindo água na hora de pegar onda, vai gostar de saber que a ciência avançou a ponto de lhe indicar um método infalível para pegar jacaré
O matemático australiano Neville De Mestre desenvolveu uma teoria sobre a melhor forma de usar o próprio corpo para surfar, prática também conhecida como surfe de peito. É isso mesmo. A ciência avançou a ponto de lhe indicar um método infalível para “pegar jacaré”.
Professor da Universidade de Bond, na Austrália, De Mestre aliou teorias físicas e matemáticas para criar a fórmula: m¨x = P – k¨x2. A equação calcula a força de propulsão (P) — ou impulso mesmo — necessária para que o pegador de jacaré atinja a velocidade da onda (¨x). A fórmula relaciona a massa (m) do sujeito à velocidade máxima que ele consegue atingir nadando (¨x) e à resistência da água (k).
Como nem sempre é possível ter esses dados à mão, De Mestre simplifica a teoria. Ele diz que o segredo do surfe de peito está em pegar a onda na hora certa. Ondas são mais velozes que qualquer surfista e, para descontar o atraso, só mesmo iniciando as braçadas e pernadas algum tempo antes de a onda começar a quebrar. “Quando sentir a água do repuxo tocando a parte de trás das pernas é o momento certo”, explica o matemático, que é campeão australiano de IronMan Surf (provas de esqui na água, surfe com prancha, natação e corrida) na categoria maiores de 60 anos.
Outro ponto essencial é nunca pegar ondas tubulares (aquelas que os surfistas de prancha adoram e que formam uma curvatura bem fechada). Elas se quebram abruptamennte e, por isso, o pegador de jacarés deve procurar as ondas gordas, que se desfazem aos poucos.
De Mestre dá mais dois argumentos para você encarar o mar. Fora peixes e cetáceos, apenas os humanos têm a hidrodinâmica necessária para “pegar jacarés” (você pode começar a se orgulhar da sua espécie). Além disso, “jacaré” deixou de ser brincadeira: existem até campeonatos brasileiros de surfistas sem prancha.
Na crista da onda
1. Seu lugar ao sol
A melhor localização para esperar a onda é na parte rasa do mar, com a água na altura da cintura. Espere em pé e, quando sentir o repuxo tocando a parte de trás das pernas, comece a nadar
2. Seja rápido
A velocidade média de uma onda é de 3 m/s e mesmo exímios nadadores só atingem a velocidade de 2 m/s. Capriche no impulso e nas pernadas e braçadas
3. Estique-se
Quando você estiver na onda, estique as pernas e os braços ao longo do corpo. Mantenha a cabeça para a frente, no maior estilo cachorrinho
4. Encurte a perna
Quem é baixo leva vantagem. Se você é muitoalto, levante as canelas na vertical para que sua perna não se arraste na onda em formação que vem na seqüência
5. Fuja do caldo
Há dois jeitos eficientes para sair da onda sem se machucar: nadar no sentido contrário, jogando seu corpo na “parede” dela, ou mergulhar para que ela passe sobre você
6. Missão cumprida
Parabéns. Você saiu da onda são e salvo, sem engolir litros de água salgada nem raspar a barriga na areia