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Por que agosto é o “mês do cachorro louco”? Há uma explicação científica.

Entenda a relação do meme com a raiva – e por que você deveria vacinar seu pet (mesmo que ele seja um gato).

Por Eduardo Lima
Atualizado em 17 ago 2024, 00h44 - Publicado em 16 ago 2024, 14h00

Talvez você tenha visto os memes, ou talvez tenha sentido a mudança no ar e nas ruas: já estamos no meio do mês do cachorro louco.

O apelido é antigo, com origem provável na sabedoria popular, mas o mês do cachorro louco vem ressurgindo como meme nos últimos agostos internet afora, como esse aqui embaixo:

Um cachorro saltitando.
(X/Reprodução)

Mas por que o mês tem esse nome? O que deixa os cãezinhos tão descompensados?

Paulo Eduardo Brandão, professor doutor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, explica que a ideia do “cachorro louco” tem a ver com o fato que as cadelas entram no cio em massa neste período por conta do clima mais frio, “o que faz com que os machos fiquem mais agressivos na competição por acasalamento”.

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A loucura que acomete os cães em agosto, então, é a histeria da paixão.

Muita gente faz a relação entre o mês do cachorro louco e a raiva canina. Mas Brandão afirma que as cachorradas cometidas pelos cachorros não tem nada a ver com a doença. 

Mesmo assim, há a hipótese de que as brigas entre os cachorros pelas cadelas possam ser eventos transmissores de raiva, por meio de mordidas dos cães já infectados. É uma possibilidade, mas não há evidências científicas de que o número de casos aumente durante o mês de agosto.

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Apesar da relação entre o mês do cachorro louco e a raiva ser um mito, o período passou a ser associado ao combate e à conscientização sobre a doença. 

Protegendo seu cachorro da loucura

A raiva é um vírus mortal transmitido pela saliva e pela mordida. A variante clássica do vírus vem dos cães, mas também há a versão dos morcegos. Um dos sintomas da doença é mudar o comportamento do cão, aumentando a agressividade e a ansiedade. Faz sentido para o mês do cachorro louco.

Essa doença, letal para cães e gatos (seus principais transmissores), pode ser transmitida por mamíferos silvestres e domésticos para os humanos.

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“Atualmente, 55 mil pessoas morrem por raiva mundialmente”, conta Brandão. “É uma doença negligenciada pelas autoridades de saúde, sem tratamento e 100% letal.” Ela causa convulsões, paralisia e alterações do comportamento dos infectados, servindo de base para “lendas de lobisomens e vampiros desde a Antiguidade”.

A raiva urbana praticamente desapareceu do Brasil por causa de campanhas de vacinação efetivas – bem mais efetivas que a corrida que o Michael Scott organizou para conscientizar sobre a doença. Antes disso, talvez até fizesse mais sentido a relação do mês do cachorro louco com a raiva, já que, sem vacina, a taxa de letalidade é de quase 100%. 

Mesmo assim, há riscos da raiva voltar. O Ministério da Saúde afirma que a cobertura vacinal para continuar sem a circulação de raiva nas cidades é de 80%, mas os dados de 2021 mostram que só 60,4% dos gatos e cães estão vacinados, e isso numa média em que só 12 das 27 unidades federativas encaminharam seus dados.

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A doença não é exclusivamente canina – nem mesmo principalmente. Em 2022, mais casos de raiva entre animais domésticos foram registrados em gatos (nove) do que em cães (sete).

Há uma vacina que pode ser usada em quem foi atacado por um animal com raiva, que é 100% eficaz e pode salvar a vida da pessoa – se for administrada rápido, logo depois da mordida. A coisa mais importante, porém, é realizar a prevenção vacinando seus pets. Em homenagem ao mês do cachorro louco, vamos deixar nossos cães livres da raiva para poderem viver a loucura do amor em paz.

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