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Ouvir a voz da mãe pode diminuir a dor em bebês prematuros, sugere estudo

De acordo com cientistas, o som da voz materna ajuda a diminuir a dor dos recém-nascidos e aumentar seus níveis de ocitocina enquanto eles passam por procedimentos na UTI neonatal.

Por Carolina Fioratti
31 ago 2021, 16h28

Quando o bebê nasce antes de completar 37 semanas de gestação, o parto é considerado prematuro. Na maioria dos casos, o recém-nascido é transferido para a UTI neonatal, onde deve ficar por alguns dias ou até semanas ganhando peso, sendo monitorado e realizando exames – que podem incluir alguns procedimentos dolorosos, como coletas de sangue e até a inserção de tubos para alimentação e respiração. 

Não dá para driblar esses cuidados, mas pesquisadores buscam formas de torná-los menos agonizantes para os pequenos, sem ter que recorrer a intervenções medicamentosas. Um estudo publicado na revista Scientific Reports mostra que a solução pode estar mais próxima do que os cientistas imaginavam: na voz das mães. Pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, analisaram 20 bebês prematuros que estavam internados no Hospital Parini, na Itália. Eles acompanharam várias coletas de sangue desses recém-nascidos, avaliando como a presença da voz da mãe interferia nos níveis de dor e na liberação do hormônio ocitocina (ligado ao vínculo e relaxamento) nas crianças. 

Foram esquematizadas três situações: na primeira delas, a mãe cantava para o seu filho; em outra, ela apenas conversava com a criança; na última, a mãe era retirada da sala durante o procedimento. Então, os cientistas gravavam o momento da coleta para que, posteriormente, outra equipe avaliasse as expressões faciais do bebê. O vídeo era reproduzido sem som, para que essa segunda equipe não soubesse se a mãe estava presente ou não (o que poderia distorcer os resultados).

Além disso, os pesquisadores mediam os batimentos cardíacos do recém-nascido e seus níveis de oxigênio e colhiam uma amostra de saliva para avaliar a concentração de ocitocina. Utilizando uma escala de 0 a 21, os cientistas concluíram que, quando os bebês ouviam a voz da mãe conversando com eles, o nível de dor era reduzido de 4,5 para 3. Ao mesmo tempo, os níveis de ocitocina no organismo quase que dobravam, subindo, em média, de 0,8 para 1,4 picogramas por mililitro.

Os efeitos do canto da mãe foram mais sutis. Na escala de 21 pontos, a dor do bebê passava de 4,5 para 3,8 quando ele ouvia a melodia. De acordo com os pesquisadores, o problema pode estar na entonação da voz, que sofre menos variações quando a pessoa está cantando do que quando está falando. 

Durante os procedimentos na UTI neonatal, dificilmente os pais podem pegar seus filhos no colo para acalentá-los, por isso o estudo manteve a voz como foco. Os cientistas escolheram a voz das mães sob alegação de que os bebês já estão familiarizados com o som desde o útero, mas pretendem conduzir estudos envolvendo a voz paterna. 

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