As mãos não são as únicas que devem ser higienizadas em dias de pandemia. Segundo um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, o novo coronavírus (SARS-CoV-2) é capaz de sobreviver por horas em superfícies – e infectar outras pessoas a partir delas.
Os pesquisadores analisaram o comportamento do vírus em diferentes materiais. A ideia era simular situações que poderiam acontecer: um paciente infectado tossindo ou espirrando em cima de objetos da casa ou de um hospital, por exemplo. O vírus, que está presente nas gotículas de saliva, se aloja lá e pode infectar a próxima pessoa que colocar a mão ali.
O novo coronavírus pode permanecer em suspensão no ar por até três horas, mas ele sobrevive bem mais em superfícies. O estudo detectou o vírus após quatro horas no cobre e até 24 horas no papelão. Quem vence, no entanto, são as superfícies feitas de plástico e aço inoxidável: o coronavírus sobrevive de dois a três dias nelas.
Essa característica se assemelha a um outro parente do vírus, o SARS-CoV-1, responsável por causar o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) na Ásia em 2002. Na época, 8 mil pessoas foram infectadas e 800 morreram, mas não se tem registros de novos casos do vírus desde 2004. A doença foi erradicada rastreando as pessoas que tiveram contato com pacientes infectados e com medidas de isolamento.
O SARS-CoV-1 é o vírus de humanos mais próximo do novo coronavírus. Os pesquisadores compararam os dois e verificaram que eles permanecem estáveis nas superfícies e no ar durante tempos semelhantes. No entanto, isso não explica por que o novo coronavírus parece se espalhar com muito mais facilidade e rapidez. Uma das hipóteses é a transmissão por doentes assintomáticos, ou seja, que não possuem sintomas e não sabem que carregam o vírus (explicamos mais sobre eles aqui)
O estudo atenta para a higienização de objetos usados no cotidiano, como o celular (veja como limpá-lo aqui), além de evitar tocar em corrimãos, prateleiras e objetos que passam na mão de muitas pessoas (opte pelo cartão de crédito ao invés das cédulas, por exemplo). A pesquisa ainda mostrou que o coronavírus pode ser neutralizado com álcool 62% até 71%.
Mesmo assim, a principal forma de contágio continua sendo pelo contato direto com uma pessoa infectada. O estudo e as autoridades de saúde recomendam lavar as mãos com frequência, evitar tocar no rosto, cobrir a boca e o nariz com um lenço descartável ao tossir e espirrar e só sair de casa quando for necessário.
A pesquisa foi feita por uma parceria entre as Universidades Princeton e da Califórnia em Los Angeles, o Instituto Nacional de Saúde e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.