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Mariposas causaram surto de coceira em Pernambuco, afirmam dermatologistas

Antes da resolução, várias hipóteses foram levantadas para a causa do problema – incluindo o uso indiscriminado de ivermectina. Entenda.

Por Luisa Costa
Atualizado em 9 dez 2021, 18h59 - Publicado em 9 dez 2021, 18h52

Um surto misterioso na região metropolitana de Recife chamou atenção nas últimas semanas. Centenas de pessoas passaram a se queixar de coceira, vermelhidão e bolhas em várias partes do corpo. Profissionais de diversas áreas se dedicaram à investigação da doença de pele. 

Agora, o caso está solucionado: pequenas mariposas do gênero Hylesia causaram toda a confusão, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Elas costumam se reproduzir no começo do verão e soltam pequenas cerdas de suas asas quando, atraídas pela luz, se chocam contra lâmpadas dentro das casas.

Essas cerdas minúsculas acabam penetrando na camada superficial da pele humana, causando a intensa dermatite (inflamação de pele) que foi observada em Pernambuco, segundo nota divulgada pela SBD nesta quarta-feira (8).

Até então, várias causas eram investigadas, como sarna, arboviroses e alergias. Muitas possibilidades foram levadas em consideração, por conta do grande número de casos (mais de 400, segundo as secretarias de saúde municipais) e das diferenças entre as lesões de cada pessoa.

Uma das hipóteses (explicada neste texto da Super), por exemplo, era de que seriam casos de sarna (causados pelo ácaro Sarcoptes scabiei), potencialmente promovidos pelo uso indiscriminado de ivermectina ocorrido durante a pandemia.

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A ivermectina serve para para combater parasitas diversos (como piolhos, carrapatos e vermes). Durante a pandemia, muita gente a utilizou como forma de tratamento precoce contra a Covid-19 (apesar de não ter eficácia comprovada). O uso indiscriminado do medicamento, então, poderia fazer com que o ácaro desenvolvesse resistência – e se proliferasse. Contudo, nenhum ácaro foi achado nos exames.

A investigação foi conduzida pelos dermatologistas Claudia Ferraz e Vidal Haddad Junior, que integram a SBD. Ferraz descreveu as lesões dos pacientes, enquanto Haddad Junior, que tem experiência com outros surtos de doenças de pele, analisou as amostras em laboratório.

Segundo os pesquisadores, as cerdas das mariposas podem ser observadas na pele, e os exames realizados as revelaram com clareza. Os estudos vão de encontro aos relatos de aparição de mariposas feito por moradores dos locais acometidos pelo surto.

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A dermatite pode permanecer por semanas, junto aos fragmentos de mariposa na pele. O tratamento é feito com anti-inflamatórios (pomadas ou medicação oral, em casos mais graves), e os pesquisadores alertam para a necessidade de buscar orientação médica caso os sintomas apareçam.

“Concluímos que o mistério está resolvido e esperamos que os tratamentos corretos sejam ministrados à população”, afirmam os dermatologistas.

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