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Estudo aponta relação entre analgésico e redução da percepção de riscos

Participantes que tomaram paracetamol demonstraram considerar certas atividades menos arriscadas do que o grupo placebo

Por Leo Caparroz
14 nov 2022, 19h01

Um dos tipos de remédio mais comum são os analgésicos, usados para aliviar a dor. Eles basicamente barram ou diminuem as transmissões dos nervos, e reduzem as sensações dolorosas. Existem diversos tipos, da aspirina aos opióides. Mas um deles pode fazer mais do que só aliviar as dores.

O acetaminofeno, também conhecido como paracetamol, é um dos analgésicos mais vendidos do mundo. Ele é perigoso se consumido em excesso (pode causar danos ao fígado), mas, se utilizado da forma correta, tem poucos efeitos colaterais se comparado aos outros analgésicos. Agora, um estudo apontou que, além de apaziguar a dor, a substância também influencia na tomada de risco dos medicados.

“O acetaminofeno parece fazer as pessoas sentirem menos emoções negativas quando consideram atividades arriscadas – elas simplesmente não se sentem tão assustadas”, explicou Baldwin Way, neurocientista da Ohio State University e um dos responsáveis pelo estudo.

Os experimentos envolveram mais de 500 estudantes universitários. Os pesquisadores deram uma dose única de 1000 mg de paracetamol (a máxima recomendada para adultos) para os participantes e mediram como ela afetou seu comportamento de risco, quando comparados aos estudantes do grupo de controle, que tomaram um placebo.

Os voluntários tiveram que bombear um balão em uma tela de computador; quanto mais cheio ele ficava, maior era a pontuação que recebiam. Eles foram instruídos a buscar enchê-lo o máximo possível, a fim de ganhar a maior quantia de dinheiro fictício, que era vinculado aos pontos. Contudo, eles deviam ter cuidado, pois, se estourassem o balão, perderiam tudo.

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Os resultados mostraram que os alunos que tomaram acetaminofeno se arriscaram mais durante o exercício. O grupo de controle foi mais cauteloso e conservador. No geral, quem tomou o analgésico bombeou (e estourou) os balões mais vezes do que quem tomou placebo.

“Se você é avesso ao risco, pode bombear algumas vezes e depois decidir parar porque não quer que o balão estoure e perca seu dinheiro”, afirma Way. “Mas para aqueles que estão tomando paracetamol, à medida que o balão aumenta, acreditamos que eles têm menos ansiedade e menos emoção negativa sobre o tamanho do balão e a possibilidade de estourar”.

Os participantes também responderam a pesquisas que avaliavam o nível de risco percebido em cenários hipotéticos, como apostar o salário do dia em um evento esportivo, pular de bungee jump de uma ponte alta ou dirigir um carro sem cinto de segurança.

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No geral, baseados na média dos resultados, a equipe concluiu que existe uma relação significativa entre tomar paracetamol e tomar mais riscos, mesmo que o efeito observado possa ser leve.

Esses efeitos aparentes no comportamento também podem ser interpretados por meio de outros tipos de processos psicológicos. “Talvez, à medida que o balão aumenta de tamanho, aqueles que tomam placebo sintam uma ansiedade crescente sobre uma potencial explosão”, explicaram os pesquisadores. “Quando a ansiedade se torna demais, eles encerram o teste. O acetaminofeno pode reduzir essa ansiedade, levando a uma maior tomada de risco”.

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