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Em caso raro, homem morre de infecção após tomar probiótico

Uma análise de DNA mostrou que a bactéria responsável estava presente no suplemento para regular o intestino. Veja quem está sob maior risco.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 15 ago 2024, 14h23 - Publicado em 15 ago 2024, 12h00

Um homem na faixa dos 70 anos morreu após uma infecção generalizada causada por suplementos probióticos, que ele tomava para auxiliar na sua recuperação de um caso grave de Covid-19. O caso, considerado extremamente raro, aconteceu no Japão e foi relatado por médicos em um artigo publicado na revista científica BMJ Case Reports.

Probióticos são suplementos alimentares que contêm bactérias benéficas ao nosso corpo, em especial na saúde intestinal. Os microrganismos mais comuns usados são os do gênero Lactobacillus e Bifidobacterium. Eles são considerados, em geral, bastante seguros.

Em alguns casos muito raros, o uso de probióticos podem causar quadros de bacteremia, a presença de bactérias na corrente sanguínea, e, consequentemente, infecções. Alguns pacientes que já tem problemas de saúde prévios são mais suscetíveis a isso.

Foi o que ocorreu com o paciente tratado no hospital da Fujita Health University, em Tóquio. O homem ficou internado na UTI para tratar um caso grave de Covid-19. Ele tinha pneumonia e também lesões nos rins, além de um histórico de alcoolismo. No processo, foram administrados medicamentos corticoides, que enfraquecem o sistema imunológico (para impedir que ele causa mais mal do que bem), antibióticos, anticoagulantes e ajuda para respirar.

O paciente se recuperou e teve alta. No entanto, os medicamentos causaram diarreia como um efeito colateral. A equipe, então, prescreveu um suplemento probiótico contendo a bactéria Clostridium butyricum para tratar esse sintoma. O microrganismo é considerado bastante seguro e popular para regular e acalmar o intestino.

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Dois meses depois, o homem desenvolveu uma série de sintomas, incluindo fortes dores abdominais, fadiga e inchaços. Um exame de sangue confirmou que a bactéria Clostridium butyricum estava presente na corrente sanguínea do homem, e uma análise do genoma confirmou que se tratava exatamente da mesma presente no probiótico.

Infelizmente, o paciente desenvolveu falência de múltiplos órgãos e ele faleceu no hospital, relatam os médicos no artigo.

O caso é considerado raro e vários fatores ajudam a explicá-lo. O paciente em questão vinha de um quadro de saúde fragilizado, logo após uma longa internação por pneumonia, e possuía um histórico de alcoolismo, era fumanete e já tinha tido câncer de cólon. Durante sua internação por Covid-19, também foi tratado com corticoides, que diminuem a atividade do sistema imunológico – o que também reduz sua capacidade de neutralizar infecções bacterianas.

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Casos de bacteremia relacionada a probióticos já haviam sido relatados na literatura científica. Pacientes mais velhos, imunossuprimidos e com vários problemas de saúde ao mesmo tempo são mais suscetíveis. Por isso, médicos devem ficar atentos ao receitar os suplementos.

“Embora os probióticos sejam rotineiramente prescritos para pacientes doentes com vários sintomas e com condições gastrointestinais, eventos adversos raros, porém graves, podem ocorrer, conforme exemplificado neste relato de caso”, concluem os autores do artigo.

No Brasil, o uso de probióticos é regulado pela Anvisa, que mantém uma lista dos microrganismos permitidos e analisa as evidências apresentadas pelos fabricantes de eficácia e segurança.

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