Covid-19: vacina da Pfizer pode induzir resposta imune em crianças de 5 a 11 anos
A farmacêutica anunciou que seu imunizante é seguro e eficaz para a faixa etária, e que enviará pedidos para uso emergencial às agências regulatórias. O estudo ainda precisa ser revisado por outros cientistas.
Com a retomada das aulas presenciais, pais e professores começaram a se preocupar com a possibilidade de seus filhos contraírem Covid-19 nas escolas. Afinal, os pequenos da educação infantil e ensino fundamental I (1º ao 5º ano) são os únicos que ainda não puderam tomar nenhuma dose da vacina contra o coronavírus. Mas este cenário pode estar prestes a mudar.
Nesta segunda-feira (20), a Pfizer e a BioNTech anunciaram que o imunizante desenvolvido por elas se mostrou seguro e eficaz em testes clínicos com crianças de 5 a 11 anos. O estudo completo ainda não passou por revisão por pares – em que outros cientistas avaliam os dados – e não foi publicado em revista científica. Mesmo assim, deve ser enviado para verificação da Food and Drug Administration (FDA, a Anvisa americana) junto a um pedido para uso emergencial até o final deste mês.
A avaliação do FDA para a aplicação da vacina em crianças maiores e adultos levou apenas algumas semanas. Se isso se repetir, os americanos podem esperar o oferecimento do imunizante para a nova faixa etária até o final de outubro. Em comunicado, a Pfizer e a BioNTech também disseram que pretendem solicitar o uso do imunizante à Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e outras agências regulatórias, o que deve incluir a Anvisa, já que a vacina está sendo oferecida no Brasil.
O estudo contou com 2.268 crianças de 5 a 11 anos de diferentes locais dos Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha. Dois terços delas receberam as duas doses do imunizante com intervalo de 21 dias, enquanto o restante tomou placebo. A dosagem para o grupo foi menor do que aquela oferecida às crianças mais velhas e adultos, de 30 microgramas. Para os pequenos, as doses continham apenas 10 microgramas do composto.
Crianças raramente desenvolvem quadros graves de Covid-19, o que dificulta para os cientistas observar se a vacina está prevenindo a doença (e os casos que necessitam de hospitalização). Por conta disso, os pesquisadores optaram por medir a resposta imunológica dos jovens, comparando os níveis de anticorpos com aqueles vistos em voluntários de 16 a 25 anos.
Ainda não foram divulgados detalhes sobre a pesquisa, mas os cientistas disseram que os resultados foram satisfatórios – e que os pequenos apresentaram uma resposta imune robusta. Algumas crianças enfrentaram efeitos colaterais leves, como febre, dor de cabeça e dor no braço.
A Pfizer e a BioNTech também estão conduzindo testes com crianças de 6 meses a 4 anos de idade. Para esta faixa etária, a dosagem do imunizante é ainda menor, de apenas 3 mg (um décimo da dose normal). Os resultados para este grupo são esperados para o último trimestre de 2021.
O uso da vacina Pfizer-BioNTech para crianças acima de 12 anos está autorizado no Brasil desde junho de 2021. Apesar disso, na última semana, o Ministério da Saúde desaconselhou o uso do imunizante em adolescentes sem comorbidades. De acordo com Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, há eventos adversos que ainda devem ser investigados. Mesmo assim, várias cidades optaram por manter a vacinação na faixa etária. A Anvisa segue orientando os pais a vacinarem seus filhos, afirmando que não existe qualquer restrição ao uso do imunizante.