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Conteúdo falso sobre TDAH no TikTok está levando jovens a se autodiagnosticar erroneamente

Novo estudo descobriu que metade dos supostos sintomas relatados nos vídeos mais populares sobre o transtorno não condizem com os critérios de diagnóstico.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 7 abr 2025, 17h22 - Publicado em 1 abr 2025, 16h00

As redes sociais estão repletas de desinformação sobre saúde e ciência – e vídeos mentirosos estão levando jovens a se autodiagnosticar com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e publicada na revista científica PLOS One.

No artigo, os cientistas analisaram os 100 vídeos mais populares do TikTok que abordavam o tema do TDAH e somavam, juntos, meio bilhão de visualizações. A conclusão foi de que menos da metade dos sintomas relatados nos vídeos de fato se alinham com os critérios de diagnóstico usados por psicólogos e profissionais de saúde para identificar o transtorno. 

Ou seja: muitos dos supostos sinais de TDAH apresentados nos vídeos não são, de fato, sintomas do transtorno. Isso pode induzir usuários a se autodiagnosticar erroneamente. 

Um dos motivos tem a ver com experiências pessoais e opiniões individuais: criadores de conteúdo podem atribuir comportamentos e características específicas da sua vida como se fossem manifestações universais de todas as pessoas com TDAH, o que não é verdade – algumas dessas coisas podem, inclusive, acontecer com quem não tem o transtorno. 

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Isso tem um efeito no público que consome esse tipo de conteúdo, claro. O estudo também descobriu que, quanto mais conteúdo sobre TDAH um jovem adulto consome, mais provável é que esse indivíduo superestime a prevalência do transtorno entre a população geral, bem como a intensidade dos sintomas.

Estima-se que o TDAH, transtorno psicológico que causa desatenção, impulsividade e hiperatividade, atinge 5% das crianças e adolescentes e 3% dos adultos.

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Para chegar a essa conclusão, a pesquisa pediu para que dois especialistas analisassem os 100 vídeos mais assistidos do TikTok sobre o TDAH, classificando a veracidade das informações. Depois, 843 jovens universitários foram entrevistados sobre sua rotina na plataforma, e tiveram que avaliar dez vídeos – os cinco melhores no ponto de vista dos psicólogos, e também os cinco piores.

Os cinco vídeos mais corretos receberam uma nota média 3,6 (de 5) dos especialistas, enquanto os jovens deram 2,8 estrelas. Já os cinco piores somaram 1,1 na avaliação dos psicólogos, enquanto os voluntários avaliaram o conteúdo com uma nota de 2,3. Isso indica que muita da desinformação passou batida pelos telespectadores leigos.

As redes sociais, claro, podem ser aliados na saúde mental, ajudando a espalhar informação de qualidade e aumentar a conscientização sobre o tema, levando pessoas a procurarem avaliação profissional. No entanto, também podem levar a autodiagnósticos errados ou reforçar preconceitos.

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“O TikTok pode ser uma ferramenta incrível para aumentar a conscientização e reduzir o estigma, mas também tem um lado negativo”, diz Vasileia Karasavva, autora principal do estudo. “Relatos anedóticos e experiências pessoais são poderosas, mas quando não vêm acompanhados de contexto, podem levar a mal-entendidos sobre TDAH e saúde mental em geral.”

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