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Nova pesquisa detecta autismo em crianças menores de 2 anos

A doença, que é diagnosticada aos 2 ou 3 anos, já deixa sinais no cérebro aos 6 meses. A esperança é que o tratamento possa começar mais cedo também.

Por Karin Hueck Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 fev 2017, 12h49 - Publicado em 16 fev 2017, 10h35

Há diversos sinais que podem indicar se uma criança possivelmente é autista – dificuldades na fala, distanciamento emocional, regressão de algumas fases do desenvolvimento, hábitos repetitivos. Mas, até agora, o diagnóstico da doença só podia ser feito depois dos 2 ou 3 anos de idade. Até agora. Pela primeira vez, cientistas descobriram que o autismo deixa sinais visíveis – e detectáveis por meio de exames de imagem – no cérebro antes mesmo de o bebê completar um ano.

A pesquisa, publicada na prestigiosa revista Nature, foi feita com 106 crianças que já tinham um irmão ou irmã mais velhos com a doença. Os pesquisadores fizeram ressonâncias magnéticas nos cérebros dos caçulas aos 6, 12 e 18 meses de idade – e perceberam algumas alterações. Bebês que mais tarde seriam diagnosticados com autismo apresentavam uma superfície cerebral maior já aos 6 meses de idade, uma medida que se confirmava nos semestres seguintes. A superfície maior do cérebro depois também se tornava um volume cerebral maior – algo que, a ciência já sabia, é uma característica de pessoas com autismo. Os exames conseguiram prever com 80% de acerto quais as crianças que desenvolveriam a doença.

Ter a capacidade de descobrir o transtorno tão cedo é um avanço e tanto, porque possibilita que pais comecem antes com os tratamentos – terapia, fonoaudiologia, acompanhamento médico. Há diversos graus de autismo e ele não tem cura, mas crianças com o tratamento adequado podem levar vidas funcionais e satisfatórias. Como se sabe, os cérebros de bebês são extremamente maleáveis, o que traz esperança para que as terapias que comecem antes do 1 ano de vida sejam ainda mais eficientes.

O exame, no entanto, não será indicado para todo mundo. Ele vai ser especialmente importante para famílias que já possuem casos da doença. Ter um irmão mais velho com autismo faz com que as chance de o caçula desenvolva o transtorna seja de quase 1 em 5.

“Com esse novo método, poderemos identificar as criancas que desenvolverão autismo mesmo antes de os sintomas começarem a aparecer”, disse Joseph Piven, um dos autores do estudo, e professor de psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte-Chapel Hill, na divulgação da pesquisa.

 

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