Bruno Garattoni
Lembra quando você era criança e brincava com carrinhos de fricção? Você empurrava o carrinho várias vezes, soltava e ficava vendo-o andar sozinho, como se tivesse um motor. Parecia mágica. E está chegando à Fórmula 1: a partir deste ano os carros serão equipados com o KERS (sigla em inglês para “sistema de recuperação de energia cinética”), dispositivo baseado na tecnologia dos carrinhos de fricção. A grande jogada está na flywheel, uma engrenagem capaz de girar mais rápido que o motor do carro. Em determinados momentos, ela se desconecta do eixo do motor e fica girando sozinha, sem sofrer resistência e acumulando energia cinética, que é liberada quando o piloto aperta um botão (veja abaixo). Algumas equipes incrementaram o sistema com baterias e motores elétricos, mas o princípio de funcionamento é sempre o mesmo. Um turbo ecológico, que os chefões da F-1 querem levar para os carros de rua – onde ele poderia economizar combustível.
Mecanismo aumenta a potência do motor
1. Aceleração
Quando o piloto acelera, o motor chega a 17 mil rotações por minuto. Uma engrenagem especial, a flywheel, roda também – mas, como é menor e fica numa câmara selada, sem resistência do ar, gira 4 vezes mais rápido.
2. Frenagem
Ao entrar numa curva, o piloto freia. Com isso, o carro desacelera e o motor perde rotações. Mas a flywheel se desconecta do resto do motor, e por isso continua girando a toda velocidade. Ela conserva energia.
3. Recuperação
Na saída da curva, o piloto aperta um botão e a flywheel se reconecta ao eixo. Ela transfere sua velocidade para as rodas do carro, que ganham aceleração. O truque equivale a um turbo com 80 cv de potência.