Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Varíola, gripe espanhola, sarampo: as grandes epidemias ao longo da história

Bactérias, virus e outros microorganismos já causaram estragos tão grandes à humanidade quanto as mais terriveis guerras, terremotos e erupções de vulcões

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 ago 2023, 14h13 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  •  (Dominio Público/Reprodução)

    Vírus, bactérias e fungos convivem conosco desde sempre. Mas a invenção da agricultura, que fixou tribos nômades e gerou alimentos em quantidade suficiente para que as sociedades crescessem, reunindo grandes números de pessoas em vilas e cidades, trouxe consigo as epidemias. E elas, mesmo com todos os avanços da medicina moderna, voltam a dar as caras de tempos em tempos.

    Peste negra

    75 a 200 milhões de mortos (Europa e Ásia) – 1346 a 1353

    O número de mortes varia, com estimativas bastante díspares, porque os registros da época se perderam. Mas, seja qual for a quantidade exata de vítimas da peste, uma coisa é certa: ela foi a pandemia mais letal de todos os tempos.

    História: A peste bubônica ganhou o nome de peste negra por causa da pior epidemia que atingiu a Europa, no século 14. Ela foi sendo combatida à medida que se melhorou a higiene e o saneamento das cidades, diminuindo a população de ratos urbanos

    Contaminação: Causada pela bactéria Yersinia pestis, comum em roedores como o rato. É transmitida para o homem pela pulga desses animais contaminados.

    Sintomas: Inflamação dos gânglios linfáticos, seguida de tremedeiras, dores localizadas, apatia, vertigem e febre alta.

    Tratamento: À base de antibióticos. Sem tratamento, mata em 60% dos casos.

    Continua após a publicidade

     

    Cólera

    Centenas de milhares de mortos – 1817 a 1824

    cólera
    (PIXNIO/Reprodução)

    As redes de tratamento de água conseguiram controlar essa doença na maior parte do mundo – mas ela ainda é um problema na África e no Sul da Ásia. Ao todo, infecta de 3 a 5 milhões de pessoas por ano, e causa até 130 mil mortes.

    História – Conhecida desde a Antiguidade, teve sua primeira epidemia global em 1817. Desde então, o vibrião colérico (Vibrio cholerae) sofreu diversas mutações, causando novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos.

    Contaminação – Por meio de água ou alimentos contaminados.

    Sintomas – A bactéria se multiplica no intestino e elimina uma toxina que provoca diarréia intensa

    Tratamento – À base de antibióticos. A vacina disponível é de baixa eficácia (50% de imunização)

    Continua após a publicidade

     

    Tuberculose

    1 bilhão de mortos – 1850 a 1950

    tuberculose
    (someone25/iStock)

    Ela não frequenta o noticiário, e por isso pode parecer um problema superado. Mas não é: a cada ano, segundo a OMS, 10 milhões de pessoas contraem a doença, que provoca 1,5 milhão de mortes por ano.

    História – Sinais da doença foram encontrados em esqueletos de 7 000 anos atrás. O combate foi acelerado em 1882, depois da identificação do bacilo de Koch, causador da tuberculose. Nas últimas décadas, ressurgiu com força nos países pobres, incluindo o Brasil, e como doença oportunista nos pacientes de Aids.

    Contaminação – Altamente contagiosa, transmite-se de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias.

    Sintomas – Ataca principalmente os pulmões.

    Tratamento – À base de antibióticos, o paciente é curado em até seis meses.

    Continua após a publicidade

     

    Varíola

    300 milhões de mortos – 1896 a 1980

    variola
    (CDC/Dr. David Kirsh/Domínio Público)

    É a única doença infectocontagiosa, até hoje, a ter sido erradicada do planeta, numa ação global que mostrou o poder da ciência e da cooperação entre os países. Ainda bem – pois ela tinha sintomas particularmente terríveis.

    História – A doença atormentou a humanidade por mais de 3 000 anos. Até figurões como o faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da França tiveram a temida doença.

    Contaminação – O Orthopoxvírus variolae era transmitido de pessoa para pessoa, geralmente por meio das vias respiratórias.

    Sintomas – Febre, seguida de erupções na garganta, na boca e no rosto. Posteriormente, pústulas que podiam deixar cicatrizes no corpo.

    Tratamento – Erradicada do planeta desde 1980, após campanha de vacinação em massa.

    Continua após a publicidade

     

    Gripe Espanhola

    20 a 50 milhões de mortos – 1918 a 1919

    gripe espanhola
    (U.S. Army photographer/Domínio Público)

    A doença apareceu em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, e ficou conhecida com esse nome porque a Espanha foi o país que relatou mais casos. Mas ela pode ter surgido em outro lugar (há registros de casos similares na França e na Inglaterra, em 1916).

    História – O vírus Influenza é um dos maiores carrascos da humanidade. A mais grave epidemia foi batizada de gripe espanhola, embora tenha feito vítimas no mundo todo. No Brasil, matou o presidente Rodrigues Alves.

    Contaminação – Propaga-se pelo ar, por meio de gotículas de saliva e espirros.

    Sintomas – Fortes dores de cabeça e no corpo, calafrios e inchaço dos pulmões.

    Tratamento – O vírus está em permanente mutação, por isso o homem nunca está imune. As vacinas antigripais previnem a contaminação com formas já conhecidas do vírus.

    Continua após a publicidade

     

    Tifo

    3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) – 1918 a 1922

    tifo
    (Antoine-Jean Gros/Domínio Público)

    O nome vem do grego tuphos, que significa “enevoado” – uma referência ao estado de confusão mental que a doença provoca em suas vítimas. Não confundir com a febre tifóide, que é causada por outro tipo de bactéria.

    História – A doença é causada pelas bactérias do gênero Rickettsia. Como a miséria apresenta as condições ideais para a proliferação, o tifo está ligado a países do Terceiro Mundo, campos de refugiados e concentração, ou guerras.

    Contaminação – O tifo exantemático (ou epidêmico) aparece quando a pessoa coça a picada da pulga e mistura as fezes contaminadas do inseto na própria corrente sangüínea. O tifo murino (ou endêmico) é transmitido pela pulga do rato.

    Sintomas – Dor de cabeça e nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas.

    Tratamento – À base de antibióticos.

     

    Febre Amarela

    30 000 mortos (Etiópia) – 1960 a 1962

    Ela é causada por um vírus, que ataca o fígado. O órgão para de funcionar direito, e com isso há o acúmulo de bilirrubina no sangue – um pigmento que deixa a pele e a parte branca dos olhos com tom amarelado (daí o nome da doença).

    História – O Flavivírus, que tem uma versão urbana e outra silvestre, já causou grandes epidemias na África e nas Américas.

    Contaminação – A vítima é picada pelo mosquito transmissor, que picou antes uma pessoa infectada com o vírus.

    Sintomas – Febre alta, mal-estar, cansaço, calafrios, náuseas, vômitos e diarréia. 85% dos pacientes recupera-se em três ou quatro dias. Os outros podem ter sintomas mais graves, que podem levá-los à morte.

    Tratamento – Existe vacina, que pode ser aplicada a partir dos 12 meses de idade e renovada a cada dez anos.

     

    Sarampo

    6 milhões de mortos por ano – Até 1963

    sarampo

    (Dr. Edwin P. Ewing, Jr./Domínio Público)

    É uma das doenças mais contagiosas que existem: cada pessoa infectada pode transmiti-la para até 200 outras. Foi controlada com a criação de vacinas – mas voltou a dar as caras, no começo dos anos 2000, devido à relutância de alguns pais em vacinarem seus filhos.

    História – Era uma das causas principais de mortalidade infantil até a descoberta da primeira vacina, em 1963. Com o passar dos anos, a vacina foi aperfeiçoada, e a doença foi erradicada em vários países.

    Contaminação – O sarampo é causado pelo vírus Morbillivirus, propagado por meio das secreções mucosas (como a saliva, por exemplo) de indivíduos doentes.

    Sintomas – Pequenas erupções avermelhadas na pele, febre alta, dor de cabeça, mal-estar e inflamação das vias respiratórias.

    Tratamento – Vacina, aplicada aos nove meses de idade e reaplicada aos 15 meses.

     

    Malária

    Mais de 600 mil mortos por ano 

    malária
    (The Field Museum Library/Domínio Público)

    Ela é endêmica em partes da América Latina, da Ásia e da África subsaariana – esta última é a região mais afetada. Em 2021, houve 247 milhões de casos de malária no mundo, com 619 mil mortes.

    História – Em 1880, foi descoberto o protozoário Plasmodium, que causa a doença. A OMS considera a malária a pior doença tropical e parasitária da atualidade, perdendo em gravidade apenas para a Aids.

    Contaminação – Pelo sangue, quando a vítima é picada pelo mosquito Anopheles contaminado com o protozoário da malária.

    Sintomas – O protozoário destrói as células do fígado e os glóbulos vermelhos e, em alguns casos, as artérias que levam o sangue até o cérebro.

    Tratamento – Não existe uma vacina eficiente, apenas drogas para tratar e curar os sintomas.

     

    Aids

    22 milhões de mortos – Desde 1981

    aids
    (C. Goldsmith Content/Domínio Público)

    O desenvolvimento de remédios antivirais fez com que ela deixasse de ser uma sentença de morte. Mas continua sendo essencial adotar medidas de proteção, como o uso de preservativos.

    História – A doença foi identificada em 1981, nos Estados Unidos, e desde então foi considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde.

    Contaminação – O vírus HIV é transmitido através do sangue, do esperma, da secreção vaginal e do leite materno.

    Sintomas – Destrói o sistema imunológico, deixando o organismo frágil a doenças causadas por outros vírus, bactérias, parasitas e células cancerígenas.

    Tratamento – Não existe cura. Os soropositivos são tratados com coquetéis de drogas que inibem a multiplicação do vírus, mas não o eliminam do organismo.

     

    Fontes Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundação Oswaldo Cruz

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Oferta dia dos Pais

    Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

    OFERTA
    DIA DOS PAIS

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.