O filho mais velho se tornar arrimo de família não é exclusividade dos humanos. Os micos-leões e os saguis também têm os arrimos que ajudam no cuidado e transporte dos recém-nascidos. Essa é a conclusão da biologia Cristina Valéria Santos, do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo (USP). Ela estudou 21 crias de saguis dos Tufos Pretos (Callithrix Kuhli) e saguis da Cara Branca (Callithrix geoffrovi) e 29 crias de três espécies de micos-leões: Dourado (Leon-topithecus Rosália), da Cara Branca (L. Chrysomelas) e Preto (L. chrusopygus). “Nos saguis, a cooperação do arrimo é fundamental devido ao alto custo reprodutivo da espécie”, diz Valéria. Uma fêmea dá cria a gêmeos duas vezes ao ano, com gestação de cinco meses. O período de amamentação não suprime a nova reprodução, o que a faz engravidar na primeira semana pós-parto. “Cada filhote de sagui atinge 20% do peso da mãe e para não sobrecarregá-la, os irmãos mais velhos se incumbem de transportá-los”. A situação dos micos-leões não é diferente: “Como eles utilizam um território relativamente grande na natureza – praticamente o dobro da área de uso dos saguis – os filhotes mais velhos partilham o transporte dos irmãos bebês e assim contribuem para atenuar o duro trabalho dos país”.