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Adolescentes com rinite alérgica são mais ansiosos e depressivos

Novo relatório de associação de alergistas americanos mostra que os impactos da rinite nos adolescentes podem ter consequências piores do que se imaginava

Por Ingrid Luisa
28 Maio 2018, 15h18

A rinite alérgica atinge cerca de 30% dos adolescentes brasileiros. Essa doença crônica é comumente subestimada, vista como algo simples e sem muita importância, mas poucos sabem que ela impacta significativamente no estilo de vida de seus portadores – assim como a asma. Um novo artigo da ACCAI (American College of Allergy, Asthma and Immunology), uma associação médica de alergistas e imunologistas, adicionou mais uma consequência desse problema: a incidência da doença está associada aos índices de ansiedade e depressão em adolescentes.

Para entender essa conclusão, é importante compreender o que é a rinite alérgica. Apesar de ter sintomas parecidos com os de uma gripe ou resfriado, a rinite não é causada por vírus. Trata-se de uma inflamação nas membranas internas do nariz. Essa irritação surge pela hipersensibilidade de pessoas alérgicas (que geralmente têm predisposição genética). Por exemplo, quando estamos gripados, nosso corpo identifica o vírus como agente tóxico e responde com obstrução nasal, espirro, coriza, para impedir que o vírus avance. Pessoas alérgicas identificam fatores não obrigatoriamente agressivos como tóxicos, o que causa um excesso de defesas. Por isso elas sofrem com mucosas nasais inflamadas recorrentemente.

Quem tem rinite apresenta constantes obstruções nasais (entupimento do nariz por longos períodos), espirros repetidos (o portador pode espirrar mais de 20 vezes seguidas) e bastante coceira no nariz  que pode progredir também para garganta e olhos. E todo esse incômodo impacta mais os adolescentes do que os adultos.

De acordo com o relatório, examinou-se 25 estudos anteriores feitos com portadores de rinite adolescentes (até 17 anos). Analisou-se os efeitos da doença: impacto nas atividades diárias, condições emocionais dos pacientes, perturbação do sono, entre outros. A análise descobriu que essas pessoas apresentaram taxas mais altas de ansiedade e depressão, além de mais fragilidade em situações estressantes. Hostilidade, impulsividade e mudanças de humor e opiniões frequentes também foram detectadas.

O alergologista Michael Blaiss, autor do artigo, confirma que os sintomas da rinite afetam mais os adolescentes. Por exemplo, impactos no sono prejudicam pessoas de qualquer faixa etária, mas na fase de crescimento isso é mais problemático. “O sono inadequado pode ter um impacto negativo na frequência escolar, desempenho e resultados acadêmicos”, diz o médico.

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Tudo isso contribui para maiores taxas de ansiedade e de depressão juvenil. O estudo também mediu o impacto da rinite em atividades cotidianas como dirigir (que é permitido a partir de 16 anos nos EUA) e ler. Essas ações são prejudicadas pela condição alérgica e também podem causar efeitos psicológicos negativos nos adolescentes, afetando, inclusive, a autoestima.

“Adolescentes não são ‘crianças grandes’ ou ‘adultos pequenos'”, diz o Dr. Blaiss. “Eles têm necessidades muito específicas e os alergistas podem ajudar a aliviar os sintomas que causam sofrimento. A adolescência é um período importante de desenvolvimento e o controle desses sintomas ajuda nas atividades diárias, como lição de casa e práticas esportivas”.

Tratar a rinite e reconhecê-la como algo sério em termos psicológicos, principalmente em adolescentes, é uma novidade difícil de ignorar. Saúde.

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