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Retrato Falado: Charles Sobhraj, o Assassino do Biquíni

Usando muita lábia e esperteza, Sobhraj escapou de três prisões antes de começar a matar geral numa trilha turística

Por Lucas Massao Muraoka
Atualizado em 8 mar 2024, 15h34 - Publicado em 8 dez 2015, 11h52

ILUSTRA Rodrigo Martins dos Santos

1. Sobhraj nasceu em 1944, em Saigon, atual Ho Chi Min, filho de uma camponesa vietnamita e um mercante indiano. Seu pai fugiu de casa logo após seu nascimento e a mãe se envolveu com um soldado francês. O garoto oscilou entre Paris, onde sofria bullying na escola, e Saigon, que na época era bastante violenta. Essas duas experiências teriam forte influência em sue comportamento

2. A família mudou-se de vez para Paris em 1953. Dez anos depois, Sobhraj foi preso pela primeira vez, por roubo. Na prisão de Poissy, nos arredores da cidade, começou a exercitar sua lábia: convenceu guardas a deixarem que lesse livros em sua cela. Depois de libertado, um rico voluntário o introduziu na alta sociedade, onde Sobhraj conheceu sua primeira paixão: Chantal Compangnon

3. Os dois se casaram logo após Sobhraj cumprir mais oito meses de prisão, por roubo de carro. Mas continuaram realizando crimes fiscais e lavagem de dinheiro, o que os forçou a fugir da França. Na Índia, sobreviveram roubando viajantes. Encarcerado após assaltar uma joalheria, o bandido realizou sua primeira fuga espetacular de uma prisão, fingindo ter apendicite

4. Sobhraj começou a atuar na Trilha Hippie, um caminho turístico alternativo entre a Europa e o Sudeste asiático. Acabou preso de novo e escapou usando a mesma tática de fingir doenças. Entre 1973 e 1974, fez um “tour do crime” com o irmão, André, no Oriente Médio e no Leste Europeu. Foram detidos em Atenas, mas Charles conseguiu fugir. André cumpriu 18 anos numa prisão turca

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5. Passando-se portraficante de drogas, Sobhraj começou a usar sua habilidade de manipulação para montar uma gangue. Alguns, ele envenenava até ficarem fracos e aceitarem se juntar ao grupo em troca do antídoto. Outros, ele convencia na lábia. Se precisasse ganhar a confiança do candidato, “encontrava” miraculosamente os documentos dele, que ele mesmo havia surrupiado antes

6. Dois parceiros viraram seu braço-direito: a canadense Marie-Andreé Leclerc e o indiano Ajay Chowdhury. Sua primeira vítima fatal, a turista norte-americana Teresa Knowlton, foi encontrada afogada em uma praia na Tailândia, em 1975. A segunda, a norte-americana Jennie Bollivar, também foi afogada. A semelhança entre as roupas de banho das duas rendeu motivou o apelido de “Assassino do Biquíni”

7. De 1972 a 1976, o grupo cometeu entre 12 e 24 assassinatos em cinco países da Trilha Hippie. O golpe era sempre parecido: localizavam trilheiros que pareciam estar perdidos, depois enganavam e matavam. O trio de líderes até chegou a ser apreendido e julgado em Bangkok, mas acabaram sendo absolvidos, pois o governo temia que o caso afetasse oturismo na Tailândia

8. Em julho de 1976, Sobhraj errou na dosagem ao tentar envenenar franceses em Nova Dehli, na Índia. As vítimas puderam reagir e conseguiram rendê-lo. Ele finalmente foi detido e condenado, mas, com subornos, levou uma vida com regalias ecomida gourmet na prisão. Até conseguiu sair pela porta da frente! Voltou duas semanas depois e foi libertado, legalmente, em 1997

QUE FIM LEVOU? Numa viagem ao Nepal em 2003, foi detido e condenado à prisão perpétua pelos crimes ainda não julgados que havia cometido no país

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Walpurga Hausmännin

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Barry Byron Mills, o “Barão”

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FONTES Sites The Independent, India Times, BBC, Murderpedia e Biography, e livros The Life and Serious Crimes of Charles Sobhraj, de Julie Clarke e Richard Neville e Serpentine, de Thomas Thompson

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