Eram pilotos americanos que deixaram as forças armadas do seu país para lutar pela China, como mercenários, entre dezembro de 1941 e julho de 1942. Oficialmente, eles se chamavam Grupo Voluntário Americano, mas passaram para a história como Tigres Voadores, nome dado pelo jornalista americano Robert McGrath por causa das carrancas de tigres pintadas nos capôs dos caças. Tudo começou em julho de 1937, quando tropas japonesas invadiram o território chinês. Na época, os Estados Unidos estavam oficialmente em paz com o Japão, não queriam envolver-se de forma direta no conflito, mas, ao mesmo tempo, precisavam manter sua presença no Oriente, o que exigia conter o expansionismo japonês. Para dissimular sua participação nos combates, os EUA estimularam pilotos do Exército, da Marinha e dos Fuzileiros Navais a pedir demissão e a se apresentarem como voluntários na China (que ainda não era comunista).
Eles formaram uma equipe de 100 pilotos e 200 mecânicos, armeiros, operadores de rádio, fotógrafos e meteorologistas. Ganhavam uma fortuna para a época: mais de 250 dólares por mês para o pessoal de terra e quase 700 dólares para os pilotos – sem falar no bônus de 500 dólares por avião abatido. Apesar de voarem em aeronaves ultrapassadas, levavam algumas vantagens sobre os caças inimigos – blindagem na cabine, tanques de combustível seguros e maior velocidade de mergulho. Em 31 batalhas aéreas, esses chineses de araque destruíram 217 aviões japoneses. Mesmo assim, a operação não pôs fim à sanha conquistadora do Japão, que lutava na Segunda Guerra Mundial ao lado da Alemanha e da Itália. Quando os Estados Unidos entraram no conflito, a missão clandestina dos Tigres Voadores deixou de fazer sentido e foi desativada – mas alguns de seus pilotos retornaram ao campo de batalha reintegrados às forças americanas.
O mais famoso dos Tigres Voadores foi o general Claire Chennault (1893-1958), que conseguiu passar a perna nos japoneses em várias ocasiões. Foi dele a idéia de alterar os números pintados na fuselagem dos aviões, para fazer os japoneses acreditarem que o inimigo tinha milhares deles em ação. Outra loucura que deu certo foi a dos alvos falsos – aviões de bambu e papelão colocados nas pistas para fazer com que os invasores gastassem sua escassa munição. Quando a guerra acabou, ele formou uma companhia aérea, usada mais tarde pelo serviço de espionagem dos EUA como fachada para operações clandestinas.
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