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Quem foi Locusta, a primeira serial killer da história

A especialista em venenos da Roma antiga matava por encomenda e ajudou a colocar o imperador Nero no poder

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h10 - Publicado em 10 out 2017, 17h38

1. Locusta nasceu na década de 20 do século 1 (o ano exato é desconhecido), na Gália, mais especificamente numa região onde hoje fica o sul da França. Viveu no campo, onde aprendeu a manipular plantas para fazer remédios e também venenos. Chegou a Roma nos anos 40 e se estabeleceu na cidade com o dinheiro que ganhou matando por encomenda na terra natal.

2. Os nobres romanos formavam uma ótima clientela para envenenadores. Locusta rapidamente começou a ser procurada por gente que queria resolver intrigas pessoais: esposas que queriam se livrar do marido, senadores interessados no fim discreto de rivais, filhos mais novos que queriam os mais velhos eliminados para herdar postos de poder, etc.

3. Locusta era criativa: suas misturas usavam desde cogumelos até gotas de sangue humano. Testava suas bebidas em animais, principalmente nas cabras que criava, analisando a quantidade de veneno necessária em relação ao peso, à demora para que a reação aparecesse e ao efeito final. Especula-se que era capaz de criar tóxicos como arsênico, estricnina e cianeto.

4. O número exato de vítimas de Locusta é desconhecido, até porque a serial killer era especialista precisamente em matar sem deixar vestígios. Mas, por duas vezes, sua fama de envenenadora levou a galesa a se explicar para os aedilis curules, a polícia romana. Nos dois casos, nobres pagaram sua fiança e garantiram que ela fosse libertada sem fazer delação premiada.

5. A assassina foi detida uma terceira vez. Agora, quem correu para liberá-la foi Júlia Agrippina. Irmã (e amante) de Calígula, Júlia matou seus dois primeiros maridos. Depois casou-se com o imperador Cláudio, seu tio. Pensando em colocar o filho Nero no poder, Júlia contratou Locusta para matar Cláudio. Seria a primeira de várias dessas encomendas…

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6. Cláudio morreu em 13 de outubro do ano 54. Ele comeu cogumelos envenenados e começou a vomitar. Júlia havia subornado o provador de comida real para que ele não denunciasse o plano. Quando o médico fez seu dever, o de enfiar uma pena na garganta do imperador para que este regurgitasse, é que Cláudio morreu de vez: a pena também estava envenenada.

7. Por influência da mãe, Nero contratou a envenenadora. Locusta mostrou serviço e garantiu a morte de Britânico, o primeiro candidato ao trono, filho de Cláudio de outro casamento. Sabia-se que Britânico não gostava de vinho sem água misturada, e ela envenenou a água para que os demais bebessem o vinho normalmente e apenas o jovem morresse, horas depois.

8. Durante o reinado de Nero, entre os anos 54 e 68, Locusta tornou-se temida, poderosa e rica. Nessa época, é possível que mesmo pessoas que morreram de enfarto ou outros problemas súbitos tenham sido vítimas da envenenadora. Quando o imperador morreu, seu sucessor, Galba, mandou matar todos os especialistas em veneno.

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