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Quanto o Brasil pode ganhar com créditos de carbono?

Cerca de 6 bilhões de euros por ano! Pelo menos esse é o potencial do país, de acordo com o consultor Antônio Carlos Porto Araújo, autor do livro Como Comercializar Créditos de Carbono. Você deve estar se perguntando: mas o que são créditos de carbono e por que eles valem tanto? Créditos de carbono são […]

Por Lorena de Oliveira
Atualizado em 22 fev 2024, 11h28 - Publicado em 18 abr 2011, 18h24

Cerca de 6 bilhões de euros por ano! Pelo menos esse é o potencial do país, de acordo com o consultor Antônio Carlos Porto Araújo, autor do livro Como Comercializar Créditos de Carbono. Você deve estar se perguntando: mas o que são créditos de carbono e por que eles valem tanto? Créditos de carbono são certificados emitidos pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) – um órgão da ONU – quando ocorre a redução de emissão de um dos seis gases do efeito estufa. Ou seja, se você provar que está evitando lançar esses gases no ar, ganha um certificado, que pode ser vendido a empresas que poluem muito. Mas por que elas compram? Porque são obrigadas pelo Protocolo de Kyoto, um acordo assinado por 175 países para reduzir o aquecimento do planeta. Na verdade, até 2012 apenas 36 desses países têm metas de corte de emissões. São justamente os países mais industrializados, que poderiam ter um impacto enorme na economia deles ao reduzir suas emissões “sujas”. Por isso, a ONU permitiu que empresas desses países comprassem a redução feita em outros países, como o Brasil, que, por ora, não tem meta nenhuma. E a negociação acontece como no mercado de ações, em locais como Bolsa de Clima de Chicago, fundada em 2003, ou mesmo a Bovespa, em São Paulo. O chamado mercado do carbono ainda dá seus primeiros passos, mas tende a crescer muito a partir deste ano. Só no Brasil, 61 empresas já conseguiram ganhar créditos – aliás, o primeiro crédito emitido no mundo foi para uma empresa de Nova Iguaçu-RJ, em 2004 – e várias já os venderam a empresas de países ricos. Até agora Japão, Holanda e Reino Unido são os maiores compradores, enquanto Índia e Brasil são os que mais vendem.

Tira do céu e põe no bolso
Uma empresa pode levar até quatro anos para conseguir obter lucros seqüestrando carbono do meio ambiente

1. Para obter créditos de carbono, uma empresa precisa, antes de tudo, criar um projeto para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. E o projeto precisa convencer o MDL. Para isso, a empresa tem duas opções: desenvolver uma metodologia a partir do zero ou escolher alguma entre as 85 já registradas no órgão. Veja alguns exemplos de projeto:

Projeto – Aterro sanitário

O que fazer? – O gás metano liberado pelo lixo é canalizado e aproveitado para gerar, por exemplo, energia elétrica

Problema – Embora um grande aterro possa gerar muitos créditos, os custos de implantação da usina são muito altos

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Projeto – Troca de combustível

O que fazer? – Usar combustíveis que liberem menos CO2. Trocar diesel por biodiesel, por exemplo, rende 3,5 créditos por tonelada

Problema – Rende menos créditos do que, por exemplo, um aterro, porque o metano dá 21 vezes mais créditos do que o CO2

Projeto – Reflorestamento

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O que fazer? – Plantar árvores. Enquanto cresce, uma árvore absorve cerca de 180 quilos de CO2 do meio ambiente

Problema – É difícil medir com exatidão a quantidade de carbono seqüestrada do ar por uma área reflorestada

2. O projeto é avaliado por uma auditoria independente, reconhecida pelo conselho do MDL. Se for aprovado, ele passa por outra análise, feita pela instituição pública responsável. No Brasil, o responsável é o Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília, que leva cerca de seis meses para avaliar cada projeto

3. Se a instituição pública do país botar fé no projeto, ele é encaminhado para o conselho do MDL, órgão que pertence à ONU. Chegando lá, o projeto é novamente analisado e pode ter três caminhos: ser reprovado, ser aprovado ou receber críticas e sugestões de mudanças. Nesse caso, depois das mudanças, ele volta para o MDL

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4. Com o projeto aprovado, é hora de implantá-lo. Se ele já estiver implantado, a empresa precisa monitorar, acompanhada por uma auditoria reconhecida pela MDL, a quantidade efetiva de redução das emissões. Esses dados geram um relatório que vai para o conselho do MDL. Afinal, não basta prometer reduzir e não cumprir

5. Depois de todos esses procedimentos, a empresa enfim recebe os créditos de carbono. A quantidade de créditos é baseada no número de toneladas de gás “economizada”. Veja na tabela quanto uma tonelada de cada um dos seis gases do efeito estufa vale

6. De posse dos créditos, as empresas vão ao mercado. Há duas opções para venda: bater à porta de um fundo comprador de créditos ou contratar uma consultoria para levar seus créditos para o mercado. As negociações diretas entre empresas ainda são raras e os valores, assim como na bolsa, variam de acordo com a procura

Valor dos gases

Quantos créditos rende cada gás

CO2 – (Dióxido de carbono) = 1

CH4 – (Metano) = 21

N2O – (Óxido nitroso) = 310

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HFCs – (Hidrofluorcarbonetos) = 140 a 11 700

PFCs – (Perfluorcarbonetos) = 6 500 a 9 200

SF6 – (Hexafluoreto de enxofre) = 23 900

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