Qual é o truque dos ventríloquos?
Para "projetar" a própria voz em um boneco articulado, o artista precisa de muita técnica vocal e um bom roteiro
PERGUNTA Matheus Costa, Brasília, DF
Para fazer um boneco “falar”, o ventríloquo precisa movimentá-lo em sincronia com a sua voz, emitida sem mexer os lábios. A neurociência explica como o espectador é enganado: quando o som e os movimentos da boca do boneco acontecem ao mesmo tempo, a tendência é associá-los inconscientemente – o mesmo ocorre quando assistimos TV e achamos que o som vem dos lábios de quem está na tela e não dos alto-falantes.
Acredita-se que a prática da ventriloquia tenha começado em torno de 300 a.C., na Grécia antiga, usada por oráculos para simular a voz dos deuses. Na Idade Média, a técnica foi associada à bruxaria e, no século 16, começou a aparecer em shows de mágica. Só no fim do século 19 ganhou o formato atual, com fantoches divertindo a audiência com histórias e piadas.
Alguns ventríloquos fazem a voz do boneco enquanto fingem beber água. O truque é feito com um copo especial, usado em números de mágica.
Confira como é criada a ilusão sonora:
1) LÁBIOS IMÓVEIS
Falar sem mexer a boca, com lábios entreabertos, requer fôlego e treino. Iniciantes começam a praticar falando vogais em frente ao espelho, sempre inspirando fundo e soltando o ar devagar.
2) TROCA DE LETRAS
Pronunciar letras como “p”, “b”, “m” e “f” sem mover os lábios é difícil. Nesses casos, a saída é falar “nãe” em vez de “mãe” e “tato” em vez de “pato”, por exemplo. No meio de outras palavras, ninguém percebe a diferença na pronúncia.
3) OBJETO VIVO
Pequenas ações do boneco, como balançar a cabeça, iludem a plateia, fazendo-a associar os sons com os movimentos. Além disso, na hora da “fala”, o ventríloquo olha fixo para ele, conduzindo o olhar do público.
4) IDENTIDADE VOCAL
Desenvolver uma voz para o boneco é fundamental para que a plateia acredite que é ele quem está falando. A entonação precisa combinar com o perfil do personagem e, ao mesmo tempo, ser bem diferente da voz do ventríloquo.
5) ROTEIRO É TUDO
O texto precisa ser decorado, com as palavras mais difíceis ensaiadas várias vezes. O processo ajuda o ventríloquo a esquecer que está falando consigo mesmo e dar naturalidade ao diálogo.
CONSULTORIA Yakko Sideratos, ator e ventríloquo
FONTES Livro Dumbstruck: A Cultural History of Ventriloquism, de Steven Connor, e site Science Daily
“Deathbots”: testamos os robôs de IA que permitem “conversar com os mortos”
Papa Leão 14 revela seus quatro filmes favoritos
“Lumines Arise” reinventa puzzle japonês inspirado em “Tetris”
Até 4,6 trilhões de toneladas de CO2 podem deixar de ser emitidas com o TFFF, diz estudo
Golfinhos são vistos usando esponjas como chapéus







