O cheque pode ser sacado em uma agência bancária, caso não esteja cruzado, ou depositado em uma conta corrente. No primeiro caso, basta apresentar o documento no caixa do banco para receber o dinheiro. No segundo, entra em ação o sistema de compensação, uma frenética troca de papéis que conta com a participação de cerca de 150 bancos em todo o Brasil. A compensação se baseia em um princípio simples: antes de transferir eletronicamente o dinheiro de uma conta para outra, o banco que emitiu o cheque precisa conferir a assinatura do correntista e o saldo disponível. Para que isso aconteça, existem 15 câmaras de compensação em todo o país, responsáveis por regiões que nem sempre coincidem com a divisão geográfica – a de São Paulo, por exemplo, também atende algumas cidades do sul do estado de Minas. Dentro de cada câmara – uma grande sala ou galpão com vários guichês – os bancos trocam os cheques que receberam durante o expediente bancário. De lá, os documentos seguem para suas respectivas agências, como explica o infográfico ao lado. É um trabalhão: só no ano passado, cerca de 2,4 bilhões de cheques foram compensados no Brasil.
Viagem quilométrica Antes de ser creditado, um cheque troca de mãos várias vezes e pode cruzar o Brasil
1. Quando uma pessoa, o Zé, passa um cheque em um restaurante, o dono do lugar, o João, deposita o documento em sua conta corrente. Se o banco for o mesmo (do emissor e do receptor), em um ou dois dias úteis o dinheiro sai de uma conta e entra na outra
2. Se os bancos forem diferentes, a agência do João faz um crédito provisório na conta do dono do restaurante. Esse valor ficará bloqueado por alguns dias. No fim do expediente, a agência do João envia o cheque do Zé para a câmara de compensação
3. A câmara regional de compensação tem representantes de todos os bancos daquela área do país. Nela, o banco do João repassa o cheque para o banco do Zé. O processo geralmente ocorre à noite
4. No dia seguinte, o cheque chega à agência do Zé, onde é feita a verificação da assinatura e do saldo. Se tudo estiver em ordem, o crédito para a conta do João é liberado em um ou dois dias úteis. Se houver algum problema, o cheque é devolvido para quem o recebeu
5. Quando a agência que emite o cheque (do Zé) e a agência que o recebe (do João) estão em regiões diferentes do país, o documento precisa passar antes pela central nacional de compensação, em São Paulo. De lá, ele é enviado para a câmara regional da agência que emitiu o cheque. Depois disso, percorre o caminho descrito no item anterior
6. A escala obrigatória em São Paulo faz com que o prazo da compensação suba para três ou quatro dias úteis, motivo pelo qual muitos não aceitam receber cheques de outros estados. Só após esse prazo é que o crédito recebido pelo João será desbloqueado