Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Qual é a origem do jogo do bicho?

Assim como a capirinha, o samba e o Carnaval, o jogo do bicho é uma invenção brasileiríssima, Otávio. Essa loteria foi criada em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. A intenção por trás da idéia era nobre: o barão queria atrair mais gente para o zôo, […]

Por Rodrigo Ratier
Atualizado em 22 fev 2024, 11h09 - Publicado em 18 abr 2011, 18h51

Assim como a capirinha, o samba e o Carnaval, o jogo do bicho é uma invenção brasileiríssima, Otávio. Essa loteria foi criada em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. A intenção por trás da idéia era nobre: o barão queria atrair mais gente para o zôo, compensando o corte de verbas do governo, que mantinha o lugar. Para alimentar toda a fauna, Drummond mandou imprimir o desenho de 25 bichos nos ingressos. Pontualmente às 5 da tarde, sorteava um deles. Quem tivesse a figura vencedora ganhava 20 vezes o valor da entrada. “No início, todo visitante do zôo recebia um bilhete com a imagem de um bicho. Mas, a partir de 1894, cada um podia comprar quantos bilhetes quisesse. Daquele ano em diante, o jogo do bicho deixou de ser um simples sorteio e se transformou em um jogo de azar”, afirma a roteirista de cinema Elena Soárez, autora de uma tese de mestrado sobre o assunto. Para combater as apostas, que se tornaram uma mania em toda a cidade, a Prefeitura impediu o sorteio em 1895. Mas deu zebra: em vez de enfraquecer a jogatina, a proibição fortaleceu os bicheiros. Se antes eles compravam os ingressos no zôo e os revendiam pela cidade, a partir daquele momento eles se juntaram para realizar o sorteio por conta própria. Nem a ameaça de cadeia para os bicheiros com a criminalização do jogo, em 1946, conseguiu segurar a jogatina. Àquela altura, o bicho já era uma mania instalada no imaginário popular, apoiado em uma rede de relações pessoais e no infalível “jeitinho brasileiro” para driblar a repressão. O bicho pegou de vez na década de 80: com os lucros estratosféricos das apostas, os homens fortes do jogo se uniram com o crime organizado. Eles lançaram tentáculos em pelo menos seis áreas: tráfico de drogas e de armas, especulação imobiliária, prostituição, jogos eletrônicos e transporte clandestino, com peruas e lotações. Mesmo proibido, o bicho continua até hoje com três sorteios diários, representando uma pequena fatia da grana suja que alimenta os criminosos. “Com a proliferação das loterias oficiais, dos jogos eletrônicos e dos bingos, o bicho entrou em decadência e perdeu muito público”, afirma Elena.

Mania nacional
Entenda por que esse sorteio proibido faz tanto sucesso no país

PULO DO GATO

Mesmo clandestino, o jogo do bicho sobrevive por mais de um século graças às relações entre bicheiros e apostadores. Geralmente, os “apontadores” de jogo e seus “clientes” são pessoas da mesma vizinhança, que discutem juntos as apostas. O prêmio é pago em dia — um requisito básico para manter a credibilidade do sorteio — e os apontadores tradicionais sabem de cor o palpite de seus clientes. Alguns apostadores protegem os bicheiros da polícia, escondendo-os em suas casas quando passa a fiscalização

Continua após a publicidade

DE GALHO EM GALHO

Por causa da repressão, o resultado do bicho é divulgado de maneira disfarçada, para não chamar a atenção da polícia. Um dos costumes é anunciar os animais sorteados em classificados ou em rádios clandestinas. Em alguns bairros, para evitar que os apontadores sejam pegos com a prova do crime, os bicheiros pregam os resultados do sorteio em um lugar público – uma árvore, por exemplo. Cada apostador arranca uma folha com o bicho do dia e leva o seu “fruto” tranqüilamente para casa

VISÃO ANIMAL

Quem estuda o jogo garante: a possibilidade de associar os bichos com o dia-a-dia e até com os sonhos foi fundamental para fixar o jogo no imaginário popular. Para os apostadores, tudo é motivo para um palpite. Foi traído por um amigo falso? Jogue no urso. Sonhou com fuga ou perseguição? Aposte no cachorro. Foi roubado? Crave no gato, pois o felino representa o ladrão. Na sabedoria das ruas, as combinações são infinitas…

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.