Qual é a hierarquia das Forças Armadas?
As Forças Armadas são divididas em Exército, Marinha e Aeronáutica. Saiba como funcionam as patentes em cada uma delas.
Há dezenas de cargos diferentes nas três instituições que cuidam da defesa do país – o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. Vamos focar em uma de cada vez.
Exército
Existem 19 cargos diferentes no Exército brasileiro. A base da pirâmide são os soldados. Depois, pela ordem, vêm os cabos sargentos, tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis, coronéis, e os generais.
Essas patentes também possuem subdivisões – os sargentos, por exemplo, são classificados em primeiro, segundo e terceiro-sargento. Na carreira militar, as promoções são distribuídas de acordo com o tempo de carreira e o merecimento de cada um, tudo analisado em avaliações de desempenho.
Em tempos de paz, o posto mais alto é o do general-de-exército, que chefia as tropas de todo o país. Em caso de guerra, cria-se um cargo especial, o marechal, que lidera o Exército na hora do conflito e responde diretamente ao presidente da República por suas ações. Historicamente, essa estrutura começou a ser desenhada no começo do século 20, sob a influência de duas forças armadas diferentes: a francesa, logo depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e a americana, na década de 1940.
O Ministro da Defesa não faz parte da hierarquia militar. Ele é uma espécie de diretor-administrativo das Forças Armadas. Como se trata de um cargo político, ele não precisa ser militar. Suas funções são integrar Exército, Marinha e Aeronáutica, planejar o orçamento militar e coordenar a participação em operações de paz.
Começando na carreira
Também chamado de “manga-lisa” por não ter nenhuma insígnia no uniforme, o soldado ocupa o posto mais baixo na hierarquia militar. Ao subir na carreira, o soldado obtém sua primeira graduação, tornando-se cabo.
O taifeiro é pau pra toda obra. Ele é o soldado que ajuda na cozinha, no refeitório e no almoxarifado. Há três graduações: taifeiro segunda-classe (mais baixa), taifeiro primeira-classe e taifeiro-mor (mais alta). O posto seguinte na carreira também é cabo.
São as subdivisões básicas da tropa do Exército. As que atuam diretamente em combates são a cavalaria, a infantaria e a artilharia.
Cavalaria
O nome remete aos cavalos, usados pelas tropas até o século 19. Hoje, a cavalaria é composta por tanques e carros blindados com grande potência de fogo
Infantaria
É a arma composta pelos soldados que combatem a pé, usando de simples fuzis a mísseis de última geração
Artilharia
É a área responsável pela operação de canhões, obuses (uma espécie de morteiro de guerra), foguetes e mísseis
Hierarquia
- Soldado
- Taifeiro
- Cabo
- Terceiro-sargento
- Segundo-sargento
- Primeiro-sargento (cuida de tarefas administrativas)
- Subtenente
- Aspirante
- Segundo-tenente
- Primeiro-tenente
- Capitão
- Major (comanda companhias, esquadrões e baterias de elite, subordinadas diretamente ao comando militar)
- Tenente-coronel
- Coronel
- General-de-brigada
- General-de-divisão
- General-de-divisão
- General-de-exército
- General-de-exército escolhido pelo Presidente da República
Marinha
No total, são 15 diferentes postos e graduações. E não é preciso gostar de água para entrar na Marinha do Brasil, pois os militares dela são divididos em dois grupos principais: o Corpo de Fuzileiros, que fica em terra, e o Corpo da Armada, que cuida das embarcações. Há ainda outros grupos, como o Corpo de Engenheiros e o Corpo de Saúde, que têm uma participação mais discreta nos cenários de guerra.
As unidades dos fuzileiros formam uma espécie de infantaria. Se você assistiu ao filme O Resgate do Soldado Ryan, deve se lembrar da cena em que milhares de homens desembarcam numa praia e iniciam um violento combate. Esses são os fuzileiros navais, que têm uma hierarquia parecida com a do Exército. Já os marujos da armada espalham-se nos 110 navios e nas diversas aeronaves (sim, a Marinha também tem aviões e helicópteros!) que compõem a esquadra de nosso país.
Os navios, que são as armas que diferenciam a Marinha das outras forças, são organizados em departamentos – como o de convés e o de máquinas – que podem ter divisões. No convés, por exemplo, as divisões mais comuns são a proa (parte dianteira da embarcação), a popa (parte traseira) e o meio-navio. Marinheiros, cabos, sargentos e suboficiais trabalham nas divisões.
Cada embarcação também tem um comandante e um imediato, ou subcomandante. O posto do chefão a bordo aumenta conforme a dimensão do navio. Um porta-aviões, por exemplo, é comandado pelo capitão-de-mar-e-guerra.
Batalha naval
Os militares são divididos em dois grupos principais: os fuzileiros e os marujos da armada. No posto mais baixo na hierarquia dos fuzileiros está o soldado. É ele que, durante uma guerra, desembarca e combate em terra firme. Marujo é o nome genérico de qualquer militar que serve na armada, não importa a patente. O posto mais baixo entre os marujos é o de marinheiro.
Assim como no exército, na marinha o soldado evolui para cabo. No Corpo de Fuzileiros, o cabo comanda as esquadras de tiro, que são pequenas unidades compostas de três soldados e um cabo. Já no Corpo da Armada ele é especializado em alguns serviços – certos navios têm cabos peritos em manobras e reparos, por exemplo.
Nos postos de terceiro-sargento, segundo-sargento, primeiro-sargento e suboficial do Corpo de Fuzileiros, os militares comandam grupos de combate. Já no Corpo da Armada, eles supervisionam divisões dos navios como a divisão de proa (parte da frente da embarcação). Como os cabos, também podem ser especializados em algumas funções.
O segundo-tenente e primeiro-tenente são responsáveis pelos pelotões no Corpo de Fuzileiros, unidades formadas por três grupos de combate ou até 45 militares. No Corpo da Armada eles chefiam os supervisores das divisões. Em embarcações menores, podem dirigir departamentos, que são conjuntos de divisões. Para pilotar aviões da Marinha é preciso ser, no mínimo, um segundo-tenente.
No Corpo de Fuzileiros, o capitão-tenente comanda as companhias, formadas por cerca de 200 combatentes. No Corpo da Armada ele é o comandante de pequenas embarcações, como os navios de patrulha fluvial (40 a 60 pessoas) e balizadores (cerca de 20 pessoas).
Companhias mais estratégicas, como as de polícia e as unidades de apoio ao desembarque, são chefiadas por um capitão-de-corveta. No Corpo da Armada, ele comanda navios de porte intermediário, como a corveta (122 pessoas) e navios de assistência hospitalar.
O capitão-de-fragata é responsável pelos batalhões no Corpo de Fuzileiros. Na Armada ele comanda embarcações estratégicas durante uma batalha, como submarinos e navios-tanque.
Quem comanda navios de grande porte é o capitão-de-mar-e-guerra. No Brasil, o porta-aviões são paulo é chefiado por um capitão-de-mar-e-guerra. No Corpo de Fuzileiros ele capitaneia uma base, espécie de quartel-general que centraliza as atividades de apoio ao combate em determinada área.
O contra-almirante pode comandar distritos (regiões geográficas) menos estratégicos, como o 6º Distrito Naval – formado por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na Armada ele comanda as três forças em que se dividem as embarcações e aeronaves do país: força de superfície (navios), força aeronaval (helicópteros e aviões) e força de submarinos.
A partir do posto de vice-almirante, as funções passam a ser mais políticas e, por isso, desaparece a distinção entre fuzileiros e marujos. O vice-almirante comanda distritos navais, que são unidades responsáveis pelas águas (litoral, rios e represas) de determinadas regiões. Como uma espécie de “Detran aquático”, cada distrito também fiscaliza barcos civis.
O almirante-de-esquadra é o mais alto posto da Marinha, escolhido diretamente pelo presidente da República. Ele comanda os oito distritos navais do país. O posto de almirante, imediatamente superior, só existe em época de guerra.
Aeronáutica
Assim como o Exército e a Marinha, a Aeronáutica possui mais de 20 postos, espalhados por 22 grupos diferentes. Dentre esses grupos, os que efetivamente entram em combate são o Quadro de Infantaria e o Quadro de Aviação.
A Infantaria é o braço da Aeronáutica que atua em terra firme, cuidando da segurança de bases aéreas e de aeroportos em tempos de paz e pegando em armas para batalhas terrestres durante as guerras – apesar de recebem treinamento de combate, os militares da Infantaria da Aeronáutica têm função primordial de defesa.
Já o Quadro de Aviação, como o próprio nome diz, reúne os oficiais que pilotam os aviões militares do país. Para fazer parte desse grupo, é preciso ser no mínimo tenente, estudando por pelo menos quatro anos na Academia da Força Aérea e passando por um curso específico para voar.
Os aviões vão para o ar com uma estrutura bem enxuta. Em modelos pequenos, como os caças F-5, só há espaço para uma pessoa, que é ao mesmo tempo piloto e comandante da aeronave, que responde diretamente às ordens do líder do esquadrão ou do grupo. Em aeronaves maiores, como as usadas para transporte de tropas, costuma haver um primeiro-piloto que atua como comandante e um segundo-piloto ou subcomandante.
Para subir de posto na hierarquia da Aeronáutica, o militar precisa ter bastante tempo de carreira, passar por avaliações de desempenho e participar de diversos cursos de atualização – o processo é bem parecido com o que ocorre no Exército e na Marinha.
Um último detalhe: é bom esclarecer que nem sempre a maior patente está ligada ao comando do avião mais poderoso. Como os comandantes das aeronaves são pilotos, eles precisam fazer cursos específicos para aprender a operar novos modelos. Por isso, pode acontecer de um capitão mais bem treinado comandar um avião invocadão no lugar de um coronel que não fez os cursos necessários.
Livres para voar
Ocupando o posto mais baixo da hierarquia, o soldado cuida da segurança das bases da Aeronáutica. Como no exército, a aeronáutica também conta com taifeiros, que ajudam nos serviços de cozinha nas bases aéreas. Já o cabo lidera as esquadras, pequenas unidades formadas por um cabo e quatro soldados.
O terceiro-sargento, segundo-sargento, primeiro-sargento e suboficial comandam os chamados grupos de combate, que reúnem duas esquadras. Todos esses pertencem ao Quadro de Infantaria.
O Quadro de Aviação não possui os chamados “graduados”, nome dado aos militares de menor patente. Para ingressar nessa arma, o candidato precisa fazer um curso de quatro anos na Academia de Força Aérea para aprender a pilotar. Depois da formatura, ele sai do curso como tenente.
Quando o militar chega a segundo-tenente, ele já pode pilotar aviões. Na infantaria, o segundo e primeiro-tenente chefiam pelotões, formados por três grupos de combate.
Já o capitão lidera as companhias, englobando três pelotões, com cerca de 90 militares. Na aviação ele comanda as esquadrilhas, pequenos agrupamentos de aeronaves que geralmente, elas servem para a formação de pilotos.
O major é responsável pelos batalhões de Infantaria, que têm de 180 a 450 militares, ou lidera os esquadrões, grupos com em média três ou quatro aviões do mesmo tipo – um conjunto de caças F-5, por exemplo.
O tenente-coronel comanda os batalhões especiais de infantaria, unidades estratégicas, que podem ser deslocadas para regiões de fronteira. E na aviação ele comanda conjuntos de três ou quatro aviões que podem ser de tipos diferentes, como um grupo de caças F-5 e Mirage, por exemplo.
O militar da mais alta patente possível na Infantaria é o coronel. Ele é responsável pelo comando terrestre de toda a Infantaria. Na aviação, o coronel é responsável por uma das 19 bases aéreas do Brasil. Elas podem ser consideradas os “quartéis” da Aeronáutica.
A partir daí, não há postos para militares de hierarquia superior na Infantaria. Quem quiser seguir carreira pode mudar para a Aviação, mas precisa estudar na Academia de Força Aérea. Como por lá só podem iniciar o curso pessoas com no máximo 20 anos de idade, os poucos aviadores que vêm da Infantaria são cabos ou soldados, postos em que a média de idade é baixa.
O próximo da lista é o brigadeiro, que comanda uma das três Forças Aéreas (FAE) que compõem a Aeronáutica: uma cuida dos helicópteros, outra dos aviões de transporte e a terceira de aeronaves de ataque, como os caças.
Já o major-brigadeiro é responsável por um dos sete Comandos Aéreos Regionais (Comar) do país, que juntos supervisionam todo o espaço aéreo do Brasil. O tenente-brigadeiro supervisiona o Comando Geral do Ar (Comgar), que reúne todas as cerca de 800 aeronaves de combate e decide as ações militares da Aeronáutica.
Entre os oficiais de mais alta patente, um tenente-brigadeiro é escolhido pelo Presidente da República para comandar toda a Aeronáutica. Acima dele, pode existir o marechal-do-ar, cargo criado apenas em tempos de guerra.