Quais as maiores burradas cometidas por grandes exploradores?
Quais as maiores burradas cometidas por grandes exploradores
ilustra Marília Feldhues
edição Felipe van Deursen
Brinde ao fracasso
Em 1934, o milionário francês Charles Bedaux organizou uma expedição para a Colúmbia Britânica, no Canadá, levando a esposa, a amante, uma condessa italiana, uma equipe de filmagem de Hollywood e rios de birita. Seu objetivo era percorrer 2,4 mil km por regiões desconhecidas. Não tinha nada de científico, era mais uma trip publicitária para promover os carros de um amigo de Bedaux, André Citroën. A ideia era filmar a expedição, mas ninguém, nem os carros, aguentou. Mas eles não perderam a viagem: beberam de monte e decidiram voltar sem registrar o “safári de champanhe”, como se chamaria o filme
James cozido
Primeiro europeu a, oficialmente, chegar à Oceania, James Cook se desentendeu com os havaianos em 1779. Os nativos roubaram um bote do navegador, que, em retaliação, ordenou o sequestro do rei Kalaniopuu. O ato gerou um enorme conflito com os indígenas, que o trucidaram na praia e, em seguida, o devoraram
Zzzzz…
Em 1925, o arqueólogo britânico Percy Fawcett entrou naSerra do Roncador, no Mato Grosso, à procura das ruínas da cidade perdida de Z. Antes de partir, ele deixou uma carta dizendo que nenhuma expedição deveria ser organizada para resgatá-lo, caso sumisse. E ele sumiu. Os índios Kalapalo, da região do Xingu, teriam matado o pesquisador porque ele advertiu as crianças da tribo para não mexerem em seus pertences – uma grave ofensa!
Faltou o casaco canino
O britânico Robert Falcon Scott tentou conquistar o Polo Sul duas vezes, sem êxito. Na segunda, em 1910, perdeu para os noruegueses, que chegaram antes. Seu erro foi achar que, em poucas semanas, 52 cães de trenó estariam aptos para cruzar o continente gelado (o processo de adaptação, na real, dura até dois anos). Nem mesmo os 19 pôneis da Manchúria que haviam sido integrados à expedição funcionaram. Arrasado, Scott morreu no caminho de volta devido a um combo sinistro de exaustão, fome e frio
Balão furado
Em 1897, Salomon Andrée, primeiro balonista sueco, decolou num balão de hidrogênio do arquipélago de Svalbard. Seu objetivo era chegar ao Canadá, passando pelo Polo Norte. O problema: havia evidências de que o mecanismo de empuxo de cordas desenvolvido por ele era falho. Ainda assim, Andrée confiou o destino da expedição à sua técnica. Após dois dias de voo, caiu no mar congelado. Ele deu meia-volta e morreu em uma ilha do arquipélago
Aliança roubada
Famoso por tentar dar a primeira volta ao mundo, o português Fernão de Magalhães morreu durante a viagem, em 1521. No meio da expedição, pediu abrigo a um rajá das Filipinas, que topou, com uma condição: Magalhães deveria atacar inimigos do rajá, na ilha Mactan. Só que era uma cilada! Ao buscar os tais inimigos, o navegador caiu em uma emboscada e, junto de sua esquadra, foi aniquilado
Mercenário às avessas
O Império Austro-Húngaro lutou lado a lado da Alemanha na Primeira Guerra. Durante o conflito, o arqueólogo e explorador austríaco Alouis Musil foi enviado para a Arábia a fim de recrutar guerreiros beduínos para combater a Inglaterra. Porém, chegando ao local, resolveu abandonar a missão e torrou a grana recebida em uma turnê acadêmica pela Mesopotâmia. Sem o apoio dos beduínos, ficou ainda mais difícil vencer os ingleses, e a Áustria acabou sendo uma das grandes derrotadas na guerra
Apressadinho
Comandante irlandês sem muita experiência, Robert O’Hara Burke partiu de Melbourne, Austrália, rumo ao norte do país, em 1861. Ele levava 19 homens, um gongo chinês e uma escrivaninha. Tudo na tentativa frustrada de atrair a atenção de Julia Matthews, atriz de teatro por quem ele era apaixonado. No primeiro dia, cobriu 6,5 km. Impaciente e confuso em definir direções, disparou na frente da comitiva, se perdeu e morreu de fome ao tentar regressar
LEIA TAMBÉM
– O que foram as Grandes Navegações?
– Como era uma viagem marítima no tempo dos descobrimentos?
FONTES Livros O Expresso Berlim-Bagdá, de Sean McMeekin, Latitudes Azuis, de Tony Horwitz, e A Última Expedição, de Robert Falcon Scott
CONSULTORIA Claudio Francisco Motta, historiador