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Quais as chances de passar no vestibular sem estudar?

Praticamente nulas. Fizemos o cálculo e, para medicina na Fuvest, é de uma em 5 septilhões.

Por Victor Bianchin
Atualizado em 22 fev 2024, 10h33 - Publicado em 24 nov 2015, 13h33

As chances são praticamente nulas. Vamos tomar como exemplo a Fuvest, o vestibular da Universidade de São Paulo (USP). A primeira e a segunda fase utilizam a pontuação do melhor colocado para estabelecer quem passa. Isso dificulta a vida dos “paraquedistas” de plantão. Mas nem tudo está perdido!

Especialistas em educação concordam que toda pessoa absorve um pouco de conteúdo sem estudar – é o chamado aprendizado informal. “Se você anda por um museu, assiste a um programa de TV ou lê um jornal, você aprende. Se você apenas ouve o professor com atenção, também. Além disso, a maioria das crianças aprende as coisas experimentando. A quantidade de informação assimilada depende de cada um”, diz Nicholas Turk-Browne, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Princeton.

Para fazer os cálculos desta matéria, tivemos o auxílio de Claudio Furukawa, físico do Instituto de Física da USP, e adotamos a (generosa) hipótese de que o candidato aprende, sem estudar, 20% do conteúdo das aulas do colégio.

Na falta de alternativas

Saiba quais as chances de passar na Fuvest em cinco carreiras supondo que você aprendeu 20% do conteúdo naturalmente, sem estudar.

1. Na primeira fase, são 90 questões objetivas, com cinco opções de resposta, das quais apenas uma é correta. Como você sabe 20% do conteúdo, isso significa que 18 questões serão acertadas com certeza. Para cada uma das outras 72, você teria uma chance em cinco de acertar chutando.

2. Para cada carreira, o número de questões a serem acertadas para passar na primeira fase (nota de corte) muda (confira na tabela). O cálculo da chance de passar é feito com a fórmula de cálculo de probabilidades: P(k) = C(n,k) x (S^k) x (F^(n-k)). Essa fórmula deve ser aplicada para cada uma das 72 questões restantes da prova.

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Vestibular Chance primeira fase

Os resultados, somados, são a chance de passar na primeira fase sem estudar. Essa chance varia loucamente: para medicina (nota de corte: 73), a chance de passar na primeira fase da Fuvest sem estudar é 0,0000000000000000000000012%. Já para física e matemática (nota de corte: 27), a chance é bem maior, de 96,5%

Formula_Calculo

3. Para calcular a segunda fase, partimos de um princípio similar. Vamos supor que o candidato sabe 20% do conteúdo e que, se essa parte cair numa questão, ele a responderá corretamente. Portanto, para passar, ele precisa que, na maior parte da prova, caia apenas o conteúdo que ele sabe. Um exemplo: para o curso de relações internacionais, ele precisa acertar 85,5% da prova da segunda fase (veja tabela Segunda Fase). Ou seja, ele precisa que, em 85,5% da prova, caiam apenas os 20% do conteúdo que ele aprendeu sem estudar

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4. Como saber o número de questões certas que o candidato precisa acertar para passar? Esse número, obviamente, varia de carreira para carreira, mas com uma regra geral: como a Fuvest sempre chama para a segunda fase um número de candidatos que corresponde ao triplo das vagas existentes, isso significa que o candidato, para ganhar a vaga, precisa ser melhor que pelo menos dois terços de seus adversários. Fazendo as contas, chegamos aos valores da tabela abaixo:

vestibular Segunda fase

5. Fizemos o cálculo desse “número X” para cada carreira tomando por base as notas de corte mínimas e máximas divulgadas pela Fuvest na primeira fase. Por exemplo: Medicina teve nota mínima de 73 (o que determinou a nota de corte) e nota máxima de 87. O resultado de 87 menos 73 é 14. Dois terços de 14 dá 9 (arredondando).

Portanto, o candidato precisa ser melhor do que o(s) candidato(s) que fez 82 pontos, o que significa que ele precisa acertar 91,1% da prova. A chance de que caia apenas o conteúdo que ele saiba em 91,1% da prova é esse número gigante abaixo. Ou seja, a chance de passar em medicina na segunda fase sem estudar é de uma em 5 septilhões!

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Septilhão_2

Como chutar certo

Fazer uni-duni-tê é coisa de desinformado

  • Mesmo sem saber a resposta certa, seja racional e elimine as respostas com resultados absurdos ou incondizentes com o conteúdo.
  • Após realizar as questões que você sabe, verifique se alguma alternativa apareceu em excesso como certa. Já marcou muito a “b”? Então, quando for chutar, prefira as outras
  • Procure informações que se repetem em mais de uma alternativa. A opção com mais repetições tem mais chances de ser a certa.
  • Quando a alternativa traz uma relação de causa e consequência, atenção: as duas podem ser verdadeiras, mas a relação entre elas talvez não.
  • Dê preferência às alternativas politicamente corretas. Principalmente no Enem, as provas tendem a seguir o consenso popular.
  • Fique atento a termos que permitem exceções como “em geral”, “na maioria dos casos”, “a princípio”, “geralmente”, etc. Eles são uma boa pista de que a alternativa é correta.
  • Da mesma forma, desconfie de termos que não abrem exceções, como “nunca”, “jamais”, “sempre”, “obrigatoriamente”, etc. Indicam que a alternativa provavelmente é incorreta.
  • Nas questões de humanas, fique atento a alternativas que trazem informações verdadeiras, mas que não condizem com o enunciado ou não se podem inferir a partir dele. O fato de dizer a verdade não significa que a alternativa é a correta na prova.

*Esta matéria foi feita utilizando como base a Fuvest 2014.

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