Por que não temos lembranças de quando éramos bebês?
A causa disso tem nome: amnésia infantil
Por causa da amnésia infantil. Tente se lembrar de algo que aconteceu nos seus primeiros anos de vida.
Conseguiu? Realmente é difícil reunir detalhes para constituir uma lembrança mais concreta. Sempre falta uma sequência cronológica ou aparecem lacunas. Cientistas ainda tentam explicar por que o cérebro é incapaz de acessar imagens, sensações e fatos ocorridos na infância.
Mas, até hoje, o que se tem são apenas teorias. Enquanto a neurociência aposta que o problema está no desenvolvimento do cérebro, a psicologia defende que a criança armazena memórias com uma linguagem diferente, não sendo possível acessá-las – embora elas ainda tenham impacto na vida e na formação da personalidade.
Cadê meu níver de 2 anos? – As principais teorias que tentam explicar a amnésia infantil
Códigos diferentes
Para a psicologia, a criança atravessa um processo de aprendizagem de linguagem. Por isso, armazenam dados por meio de códigos linguísticos que não seriam claros na vida adulta. Isso explicaria por que as lembranças mais nítidas coincidem com a alfabetização. Estudos recentes indicam que é possível recuperar memórias com recursos não verbais, como cheiros e sensações.
Cérebro subdesenvolvido
A neurociência estuda a teoria de que os neurônios ainda estão se organizando durante os primeiros quatro anos de vida. “O cérebro, em desenvolvimento, pode não estar preparado para armazenar lembranças de longa duração”, diz Martín Cammarota, pesquisador em neurofisiologia da PUC-RS.
Área restrita
Outra teoria, estudada por Cammarota, é a do mecanismo de repressão. As memórias de infância que constituem a personalidade ficariam armazenadas em uma parte do cérebro que não pode ser acessada. “É uma maneira de proteger as lembranças fundamentais para que elas não sejam modificadas ou danificadas com o passar do tempo”, explica o pesquisador.
FONTES: Artigo Amnésia e Inferências sobre a Memória, de Fábio S. Rigo e Marcelo de Almeida Oliveira, da Unicamp; Folha de S.Paulo e VEJA.
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