Por que não sentimos o gosto das coisas quando estamos gripados?
Por incrível que pareça, isso não tem nada a ver com a boca, mas com o nariz. Quando estamos gripados, perdemos o olfato. E, se não dá para discernir um perfume caro da fumaça de um pneu queimado, também não dá para sentir gostos. É que 80% daquilo que chamamos de gosto vem do olfato, […]
Por incrível que pareça, isso não tem nada a ver com a boca, mas com o nariz. Quando estamos gripados, perdemos o olfato. E, se não dá para discernir um perfume caro da fumaça de um pneu queimado, também não dá para sentir gostos. É que 80% daquilo que chamamos de gosto vem do olfato, não do paladar. A confusão acontece porque a gente associa o sabor às papilas gustativas, que ficam na língua. O que elas fazem, na verdade, é só distinguir cinco sabores básicos: o salgado, o doce, o amargo, o azedo e o umami, um gosto descoberto recentemente que corresponde ao sabor dos temperos de glutamato do tipo aji-no-moto. Se a língua percebe só esses cinco sabores, o olfato distingue simplesmente 20 mil odores! Por isso, ele predomina até na hora de sentirmos o gosto de alguma coisa. A própria mastigação deixa esses aromas mais intensos, já que libera o cheiro de várias substâncias químicas dos alimentos. “Essa informação do olfato interage com a do paladar para que o cérebro forme o sabor da comida”, diz o otorrinolaringologista Reginaldo Fugita, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Quer testar o predomínio do olfato? Quando estiver gripado, pegue um pedaço de chocolate e um de, digamos, banana. Feche os olhos e morda um dos dois de nariz fechado: dificilmente vai distinguir qual deles está na sua boca! Já se você morder o pedaço de banana mas cheirar o chocolate, vai ter a sensação de que está comendo, de fato, o doce – a não ser que consiga perceber a diferença de textura.