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Por que levantar o dedo do meio é considerado ofensa?

Por Marina Motomura
Atualizado em 22 fev 2024, 11h17 - Publicado em 18 abr 2011, 18h48
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Por causa de uma tradição cultural popularizada na Antiguidade – provavelmente herdada de um costume dos ancestrais do homem, ainda nos tempos da pré-história. Um grupo de antropólogos sustenta que o gesto é uma variação de uma estratégia agressiva de alguns primatas, que mostravam o pênis ereto a seus inimigos como uma forma de intimidá-los. Mais civilizado, o homem teria substituído o bilau pelo dedo erguido para ofender alguém. Um dos primeiros registros escritos desse costume mal-educado aparece no ano 423 a.C., quando o poeta grego Aristófanes escreveu a peça As Nuvens. Em um dos diálogos, o personagem Estrepsíades faz uma piada comparando o dedo do meio ao pênis. Da Grécia, a ofensa chegou a Roma, onde era conhecida como digitus infamis, o “dedo obsceno”. No livro Gestures, their Origin and Distribution (“Gestos, sua Origem e Distribuição”, sem tradução para o português), o zoólogo britânico Desmond Morris sustenta que o imperador Calígula (12-41) chocava os súditos obrigando-os a beijar seu dedo do meio em vez de sua mão. Uma tremenda humilhação. Com o passar dos séculos, a maioria dos países do mundo incorporou o gesto de origem latina – pode-se dizer que é um símbolo quase universal! Mas diversos povos encontraram outras formas criativas de mandar alguém fazer você sabe o quê. O que explica que um sinal seja considerado ingênuo num país e ofensivo em outro? Para essa “transformação” acontecer, um grupo precisa estabelecer uma espécie de pacto em torno dessa forma de comunicação. Em outras palavras, um gesto só é considerado agressivo se todas as pessoas do grupo entenderem e concordarem com seu significado. “Para evitar gafes e lidar com as diferenças culturais, hoje em dia as multinacionais fazem livros de comportamento. Essas publicações explicam aos executivos que viajam muito quais gestos eles podem ou não fazer ao visitar outros países”, diz a antropóloga Rosali Telerman, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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