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Os 10 ocultistas mais influentes da história moderna

Na busca para entender o inexplicável (como por que estamos aqui e para onde vamos), gerações de pessoas encontraram alento nas ideias destes líderes

Por Diego Meneghetti
Atualizado em 22 fev 2024, 10h16 - Publicado em 21 fev 2017, 15h14

ALEISTER CROWLEY

Conheça o britânico adorado por roqueiros como John Lennon, Ozzy, Jimmy Page e Raul Seixas

Berço de ouro

Aleister Crowley nasceu em Warwickshire, na Inglaterra, em 1875, numa família rica. Muito cristão, o pai, que morreu em 1887 (deixando uma farta herança ao filho), costumava recitar um capítulo da Bíblia todas as manhãs. Mesmo assim, Crowley não se bastou nas explicações da religião cristã. Quando jovem, estudou filosofia na Universidade de Cambridge, onde também explorou poesia, xadrez e montanhismo.

Mago em formação

Os anos de estudo ocultista de Crowley começam em 1898, quando ele se juntou à Ordem Hermética da Aurora Dourada, uma organização secreta inglesa que explorava elementos da astrologia, cabala, alquimia e tarô. A Ordem não existe mais, mas sua influência continua em diversos movimentos ocultistas atuais, como a própria Thelema, seita fundada por Crowley em 1904. Para entender os mistérios da vida, Crowley buscou respostas nas viagens que fez para México, Egito e Índia, onde teve contato com o budismo e hinduísmo.

Vozes do além

Foi durante a lua de mel no Egito que Crowley afirma ter escutado uma entidade, chamada Aiwass, que ditou a ele a obra fundadora da Thelema, O Livro da Lei. O texto explica que a história da humanidade é dividida em éons, longos períodos de tempo com características específicas. A Pré-História seria o Éon de Ísis, a Era Medieval seria o Éon de Osíris e a nossa época seria o Éon de Horus. Para Crowley, esse seria um tempo de grande maturidade, em que a humanidade realizaria seus próprios desejos.

Marca da Besta

Foi na época de escrita de O Livro da Lei que Crowley começou a fazer referências ao demônio e utilizar o número 666. Ele também criou a Marca da Besta, um símbolo composto de círculos (que representam o Sol e a Lua) e um heptagrama, com os números na parte inferior. Em 1907, Crowley fundou uma organização para praticar e divulgar a Thelema, chamada Astrum Argentum. Antes, participou da Ordo Templi Orientis, uma ordem esotérica alemã. Ficou famoso no final da vida, tanto por suas práticas ocultistas quanto por seu estilo de vida (Crowley era usuário de drogas, incluindo heroína, e bissexual). Morreu de doenças pulmonares na Inglaterra, em 1947.

 

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(André Toma)

ELIPHAS LEVI

Autor de diversas obras, esse francês ilustrou um dos símbolos mais famosos do ocultismo

Fuga da igreja

Nascido em Paris, na França, em 1810, Eliphas Levi chegou a ser ordenado diácono e escreveu uma série de livros sobre religião antes de seguir o caminho do esoterismo. Após desencanar do seminário da famosa igreja de Saint-Sulpice, escreveu tratados mais radicais e foi preso por um curto período. Apesar de produzir bastante, foi apenas em 1854, quando viajou da França à Inglaterra, que começou a publicar obras sobre magia e misticismo.

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Doutrinas híbridas

Levi escreveu dois livros sobre esoterismo, que formaram a obra Dogma e Ritual de Alta Magia, uma das referências mais importantes do ocultismo. A introdução indica todas as influências de Levi, como os Vedas (escrituras sagradas do hinduísmo) e as religiões de povos antigos, como egípcios e assírios. O livro ainda inclui uma tradução de Nuctemeron, obra atribuída ao filósofo grego Apolônio de Tiana. Até sua morte, em 1875, Eliphas Levipublicou outros livros relevantes, como Chave dos Grandes Mistérios e A Ciência dos Espíritos.

Cabeça de cabra

Também em Dogma e Ritual de Alta Magia, Levi popularizou uma versão do Bafomé, uma divindade a quem os Templários supostamente adoravam. O desenho, feito pelo próprio ocultista francês, mostra uma figura humana, mas com cabeça de cabra, e está carregado de símbolos. Um braço feminino aponta para a lua branca, que representa o amor de Deus. Já o braço masculino aponta para a lua negra, que representa o rigor divino. Os seios simbolizam a humanidade, enquanto a chama entre os chifres significa inteligência e o fato de que a alma está acima do carnal.

Briga com a maçonaria

Em 1861, Levi foi iniciado na Maçonaria, em Londres, mas sua participação nessa sociedade secreta foi breve e atribulada. Conhecido como mestre do ocultismo e da simbologia, foi convidado para dar uma palestra numa loja em Paris. Interrompido por um mestre maçom, Levi se ofendeu, parou a apresentação e saiu para nunca mais voltar. Posteriormente, viria a criticar os ex-colegas, dizendo que, como negavam o cristianismo, haviam esquecido uma importante característica da Maçonaria, a tolerância.

 

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(André Toma)
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PAPUS

Conheça a trajetória do médico espanhol que participou de várias seitas ocultistas até fundar seu próprio grupo místico

Membro rebelde

Gérard Encausse, mais conhecido como Papus, nasceu na Espanha em 1865, mas mudou cedo para a França. Passava horas na monumental Biblioteca Nacional, em Paris, lendo sobre cabala, alquimia e magia. Fez parte de uma série de grupos ocultistas, incluindo a Sociedade Teosófica (da qual saiu por não concordar com os ensinamentos da teosofia), e de tanto discordar dos outros criou sua própria filosofia ocultista.

Fonte judaica

Em 1886, Papus fundou a Ordem Martinista, que se diferenciava de outros grupos por ter menos influências budistas e hinduístas, focando mais na tradição cristã e judaica. O grupo criado por Papus se inspirava no martinismo, uma escola mística baseada na ideia de que o homem precisa se redimir de seu pecado original e alcançar sua condição divina. Todos os encontros da sociedade eram iniciados pela invocação de um tetragrama YHVH (transliterado em letras latinas), nome em hebraico de Javé, a divindade do povo israelita.

Cientista esotérico

Além de ocultista, Papus era médico, formado pela Universidade de Paris em 1894. Tinha uma clínica e tratava alguns pacientes famosos. No começo do século 20, por exemplo, viajou várias vezes para a Rússia para cuidar do imperador Nicolau II. A lenda conta que Papus teria conjurado o espírito do pai de Nicolau, o qual profetizou que o filho seria derrubado por revolucionários russos. Fato ou não, a profecia se provou correta. O imperador foi tirado do poder e assassinado depois da revolução de 1917, que instaurou o comunismo na Rússia.

Influência em sociedades

Durante toda a vida, Papus foi muito ativo nos círculos ocultistas da Europa. Foi bispo da Igreja Gnóstica, liderou um braço da Ordo Templi Orientis em Paris e foi membro da Irmandade Hermética da Luz e da Ordem Hermética da Aurora Dourada. Realizou bastante, mesmo com uma morte prematura. O ocultista se alistou no Exército francês em 1914, no começo da 1ª Guerra Mundial, contraiu tuberculose enquanto trabalhava num hospital militar e morreu aos 51 anos, em 1916.

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(André Toma)
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HELENA BLAVATSK

Muitas obras do ocultismo tiveram influência dessa russa porreta. O interesse dela pelos conhecimentos ocultos surgiu na adolescência, ao explorar a biblioteca do bisavô, o príncipe Dolgorukov, onde encontrou livros sobre a Ordem Rosacruz e Maçonaria. Dona de uma personalidade forte, desistiu de um casamento frustrado e saiu para o mundo em busca de ensinamentos filosóficos, espirituais e esotéricos. Foi para a Grécia, Egito, Canadá e Estados Unidos, onde criaria seu mais famoso legado, a Sociedade Teosófica, cujo nome vem das palavras gregas para “sabedoria” e “Deus”. Fundou o grupo inspirada no espiritismo, uma religião nascente na época e que Blavatsky considerava estar cheia de falsos médiuns – tanto que a filosofia da Sociedade Teosófica é baseada na trindade composta por divino, humano e natural. Nômade por opção, madame Blavatsky continuou a se movimentar: viveu na Índia e passou pela Itália, Bélgica e Inglaterra, onde morreu em 1891, aos 59 anos.

 

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(André Toma)

CHARLES LEADBEATER

O britânico Charles Leadbeater chegou a ser ordenado sacerdote da Igreja Anglicana, mas, levado pelo espiritualismo, abandonou a religião e se tornou membro da Sociedade Teosófica e um dos principais oradores desse grupo ocultista no mundo. Conheceu a teosofia aos 29 anos, quando virou discípulo de Helena Blavatsky. Autodidata em astronomia, latim e grego, Leadbeater explorou a meditação e aprofundou-se na filosofia teosófica. Acompanhando Helena Blavatsky, viveu anos na Índia, onde teria alcançado a “consciência astral”, um estado de consciência alterado que lhe teria dado poderes psíquicos, como clarividência. De volta a Londres, foi iniciado na Maçonaria e chegou ao 33º grau (o mais elevado, para quem seriam revelados grandes segredos do Universo). Em 1915, mudou-se para a Austrália e se tornou bispo da Igreja Católica Liberal, que, apesar da referência ao catolicismo, é mais ligada ao esoterismo e à teosofia. Leadbeater morreu em 1934, aos 80 anos.

 

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(André Toma)

SAMUEL MATHERS

Como muitos jovens ingleses do final do século 19, Samuel Mathers entrou no mundo do ocultismo por meio da Maçonaria. A iniciação partiu de um convite de um vizinho, que também pesquisava a alquimia. Embora tenha evoluído rapidamente na loja maçônica da qual fazia parte, Mathers ficaria famoso mesmo como um dos fundadores da Ordem Hermética da Aurora Dourada, que ajudou a criar em 1887. Ele foi o responsável pela elaboração das técnicas, rituais e documentos da Ordem, além de ter liderado o grupo até 1900. Dono de uma personalidade forte, acabou expulso das duas sociedades: da Maçonaria, porque não pagou o dinheiro que pediu emprestado ao grupo, e da Ordem, por divisões políticas internas, criadas em parte por seu comportamento conflitante. No início do século 20, Mathers viajou para Paris e criou a Alpha et Omega, um grupo com preceitos semelhantes aos da Ordem. Ele morreu em Paris, em 1918.

 

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(André Toma)

WILLIAM WESTCOTT

Nascido na Inglaterra, em 1848, William Westcott ficaria famoso ao fundar uma sociedade secreta que influenciaria vários grupos ocultistas do século 20, incluindo a Thelema e a Wicca. Quando jovem, passou por vários grupos ocultistas e sociedades secretas: foi membro da Rosacruz, da Maçonaria e da Sociedade Teosófica. Também dedicou dois anos de sua juventude ao estudo de filosofias esotéricas, principalmente da cabala. Em 1887, Westcott usou todo esse conhecimento para fundar, junto dos ocultistas Samuel Mathers e William Woodman, a Ordem Hermética da Aurora Dourada. A Ordem tinha três divisões internas, cada uma ocupada com um campo do ocultismo, incluindo magia, astrologia, alquimia e filosofia. Os membros aprendiam, entre outras coisas, a interpretar as cartas do tarô, ler bolas de cristal e realizar projeção paranormal (processo em que a alma da pessoa seria capaz de sair do corpo e viajar por outras dimensões). Westcott também publicou livros sobre maçonaria, numerologia e teosofia. Morreu em 1925, na África do Sul.

 

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(André Toma)

ANNIE BESANT

Essa inglesa participou de diversos grupos ocultistas e dedicou boa parte de sua vida ao ativismo social e político. Nascida em 1847, Besant distanciou-se de religiões tradicionais ainda jovem, focando seus estudos em conhecimentos esotéricos. Em 1873, depois de dez anos de casamento, ela se separou do marido, um ato corajoso para a época. Junto a isso, passou a editar uma publicação que defendia ideias “extremas”, como o direito das mulheres de votar. Foi nessa época que teve contato com a teosofia: sua iniciação aconteceu depois de ela ler e escrever uma crítica sobre o livro Doutrina Secreta, de Helena Blavatsky. Na Inglaterra, Besant também organizou greves e lutou pelos direitos de operárias. No final da vida, juntou a paixão por causas sociais e pelas crenças místicas quando foi morar na Índia, na virada para o século 20. Ela foi uma mulher muito ativa: em 1908, foi eleita presidente internacional da Sociedade Teosófica. Na política, chegou a ser presidente do congresso indiano. Lutou pela instauração da democracia na Índia e pela independência do país, que na época era uma colônia da Inglaterra. Besant publicou diversas obras ocultistas, como O Enigma da Vida e O Homem – Donde e como Veio, e para Onde Vai? Ela morreu em 1933, aos 85 anos.

 

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(André Toma)

DION FORTUNE

Nascida na Inglaterra em 1890, Dion Fortune desenvolveu um interesse pelo misticismo muito cedo: ainda jovem, afirmou ter uma visão de Atlântida, o continente perdido, e disse ser capaz de prever o futuro. Fortune estudou psicologia na Universidade de Londres e explorou o esoterismo no mesmo período em que Sigmund Freud e Carl Jung criavam suas teorias da mente humana. Muitas de suas ideias sobre o misticismo carregam essa influência – incluindo um livro sobre como proteger a mente de “invasões psíquicas”. Ela fundou a Fraternidade da Luz Interior, em 1922, com base em escolas de esoterismo cristão e judaico. Manteve a ordem em atividade inclusive durante a 2ª Guerra Mundial, quando continuou a enviar cartas com ensinamentos esotéricos aos membros da Fraternidade. Fortune, cujo nome verdadeiro era Violet Mary Firth, morreu de leucemia em Londres, em 1946.

 

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(André Toma)

ALICE BAILEY

Apesar de ter publicado vários livros, muitas das ideias expostas por Alice Bailey não pertencem a ela, mas à entidade Djwal Khul, que teria ditado os textos a essa ocultista britânica, segundo ela própria. Nascida em Manchester, na Inglaterra, em 1880, Bailey recebeu educação cristã, mas abandonou essa religião para se dedicar à teosofia. Ela escreveu sobre meditação, astrologia e psicologia, e creditou 24 obras a Khul, considerado pelos membros da Sociedade Teosófica o guia espiritual de toda a humanidade. Essa entidade teria passado seus ensinamentos a Bailey, que virou uma personagem influente na Sociedade Teosófica. O legado dela sobrevive até hoje, com escritos que foram referência para a criação de outras sociedades ocultistas depois de sua morte, em 1945.

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