Foi uma escola de artes fundada em 1919 pelo arquiteto Walter Gropius, em Weimar, Alemanha. Ela revolucionou o design moderno ao buscar formas e linhas simplificadas, definidas pela função do objeto – um visual “clean”, que você encontra hoje, por exemplo, nos produtos da Apple.
As características do movimento
O nome é uma junção de “bauen” (“para construir”, em alemão) e “haus” (“casa”). Lá, os alunos encontravam uma visão interdisciplinar pioneira – todas as artes eram apresentadas de maneira interligada. A Bauhaus unificou disciplinas como arquitetura, escultura, pintura e desenho industrial. E não desprezada nem as artes consideradas “menores” na época, por sua ligação direta com trabalhos mais manuais, como cerâmica, tecelagem e marcenaria.
A escola introduziu ainda o uso de novos materiais pré-fabricados, a simplificação dos volumes, geometrização das formas e predomínio de linhas retas, em tudo que era produzido.
Especificamente na arquitetura, a Bauhaus ficou conhecida pelas paredes lisas e, geralmente, brancas, abolindo a decoração. Isso para as paredes que “sobreviveram”, já que outra marca da escola foi a abolição das paredes internas (como nos lofts), somadas a amplas janelas e fachadas de vidro. Nem os telhados resistiram às inovações da Bauhaus, que popularizou as coberturas planas, transformadas em terraços.
Onde você encontra a influência deles
Não precisa ir muito longe: na palma da sua mão, é possível que você encontre características da Bauhaus. Isso se você tiver um iPhone – as linhas funcionais e “clean” dos produtos da Apple são um dos exemplos icônicos do legado da escola.
Mas o coração do Brasil também guarda influência da Bauhaus em cidades planejadas – especialmente na capital Brasília. Oscar Niemeyer, afinal, tinha um pézinho bauhausiano, já que sempre privilegiou formas geométricas e cores brancas;
Em prédios como o da Escola Superior de Desenho Industrial, no Rio de Janeiro, do Instituto de Arte Contemporânea de SP e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP há referências claras à escola alemã.
Agora, se quiser um exemplo mais distante da tecnologia ou da arquitetura… Você pode olhar para a música! A banda Franz Ferdinand, por exemplo, tem a Bauhaus como principal influência para tudo quanto é identidade visual da banda.
A história e os grandes nomes
Antes de ser fechada por Adolf Hitler, em 1933, a Bauhaus teve três fases, marcadas por diretores, sedes e ênfases diferentes.
O FUNDADOR
Walter Gropius (1883-1969)
Criou a Bauhaus ao fundir duas outras escolas, a de Artes Aplicadas e a Academia de Belas-Artes da Saxônia, após a Primeira Guerra Mundial. Seu período na direção, de 1919 a 1927, ficou conhecido como “anárquico expressionista”, já que sua proposta unificadora desafiava várias tradições. Gropius ficou no comando até 1927.
Principais projetos: A fábrica Fagus, em Alfeld, Alemanha (1911), a sede da Bauhaus , em Dessau, Alemanha (1925), e o pavilhão da Pensilvânia para a Exposição Universal de Nova York (1939).
O FUNCIONALISTA
Hanner Meyer(1889-1954)
Para o sucessor de Gropius, o processo de construção tinha de levar em conta as necessidades humanas – biológicas, intelectuais, espirituais e físicas. Por isso, o funcionalismo e o conforto passaram a ser levados tão a sério a partir de então. Embora Meyer fosse arquiteto, foi sob seu comando que o design industrial ganhou evidência na Bauhaus.
Hannes Meyer assumiu até 1929, com a escola já transferida para a cidade de Dessau, em sua segunda sede e cedeu o cargo a Mies van der Rohe, com a instituição realocada em Berlim.
Principais projetos: Petersschule , em Basel, Suíça (1926), e a sede da Liga das Nações, em Genebra, Suíça (1926-1927), mas ambos não saíram do papel.
O SIMPLISTA
Mies van der Rohe (1886-1969)
Antes fã do estilo neoclássico, converteu-se à simplicidade da Bauhaus e cunhou a frase “menos é mais”. Último diretor da escola, ficou famoso por usar muito vidro e aço em seus arranha-céus.É considerado um dos arquitetos mais importantes do século 20.
Principais projetos: Pavilhão alemão para a Exposição Internacional de Barcelona (1929), Promontory Apartments, em Chicago (1951), e Seagram Building, em Nova York (1956-1959).
O DESIGNER
Marcel Breuer (1902-1981)
Foi designer e arquiteto, mas se destacou mesmo pela produção de mobiliário. Um de seus toques revolucionários foi o amplo uso de tubos de metal. Considerado por alguns críticos um dos “últimos verdadeiros arquitetos funcionalistas”, no fim da carreira foi para os EUA e passou a projetar grandes prédios ao lado de seu ex-professor, Van der Rohe.
Principais projetos: Cadeira Wassily (1925-1926) e Short Chair (1936).
O TIPÓGRAFO
Herbert Bayer (1900-1985)
Os princípios de geometrização e funcionalismo também prevaleceram na tipografia – a arte de criar fontes de letras (como a Times New Roman e a Arial).
Bayer bolou uma espécie de alfabeto universal, só com letras minúsculas e reduzidas às formas gráficas mais simples possíveis. Seu argumento? Quando falamos, não existe “maiúsculas” ou “minúsculas”…
Principal projeto: O alfabeto universal Sturm Blond (1925).
FONTES Pedro Luiz Pereira de Souza, da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi)
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