É uma das principais divindades do iorubá e do jejê.
A fusão dessas duas religiões serviu de base para outras crenças nas Américas quando os africanos escravizados trouxeram sua cultura e sua fé, que se misturaram às de indígenas e europeus. Assim, surgiram religiões como o candomblé, no Brasil, a santeria, em Cuba, e o vodu no Haiti.
No candomblé, Exu é um dos maiores orixás (um tipo de divindade). É uma espécie de mensageiro, que faz a ponte entre o humano e o divino e muitas vezes é descrito como sendo travesso, fiel e justo.
O Exu também está presente na umbanda, religião brasileira que tomou forma no século 20 e combina iorubá e jejê com espiritismo, entre outras crenças. A umbanda não tem uma autoridade central nem um livro sagrado como as grandes religiões monoteístas, mas, apesar de cada terreiro interpretar aspectos de Exu à sua maneira, existem alguns fundamentos básicos e universais: para sacerdotes e fiéis iniciados, Exu sempre está ligado à vitalidade, à força, à proteção e à aplicação da lei em seus domínios espirituais.
As principais características do Exu no candomblé e na umbanda
Encruzilhada
Fiéis geralmente fazem oferendas a Exu em interseções, como cruzamentos em estradas ou portas de cemitério, para representar fronteiras. A ideia é que o orixá faz a ponte entre dois mundos, divino e humano.
Tridente
Há várias interpretações para o artefato, mas nenhuma é ligada ao tridente do capeta. Alguns estudiosos veem nele uma representação simplificada do próprio orixá ou um diagrama de um homem de ponta-cabeça.
Bom de papo
Enquanto outros orixás se correspondem com “reinos” inteiros (como Iemanjá, rainha dos mares, e Iansã, dos ventos), Exu tem o papel de mediador, tanto entre os próprios orixás quanto entre eles e os humanos.
Caveirinha
Na umbanda, o orixá se manifesta por meio de avatares, como Exu Caveira, uma das entidades mais cultuadas, retratado com uma cabeça de caveira que representa o ser despido de toda sua vaidade.
Xô, Satanás
A conotação negativa de Exu veio dos primeiros contatos dos europeus com o iorubá e com o jejê, no século 16, além do ambiente de repressão às religiões afrobrasileiras.
Pergunta Kaique Rossoni, Colatina, ES
Consultoria Vagner G. da Silva, autor de Exu-O Guardião da Casa do Futuro,e coordenador do Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras (CERNe)